Responsável por cerca de 8% de todo o transporte de cargas realizado no País, a navegação de cabotagem pode levar o empresário a economizar até 15% do custo total em comparação com as rodovias, que respondem por 52% do transporte de mercadorias. Embora o frete seja mais caro dentro do transporte feito por navio, outros custos embutidos compensam o gasto com este modal.
Com a mesma origem e carga, nós conseguimos um custo de 10% a 15% menor do que o [uso do modal] rodoviário. Mas é em custo total, não é só frete, observa o gerente-geral de Cabotagem e Mercosul da empresa Aliança, Gustavo Costa, que participou de um encontro da Câmara Americana de Comércio (Amcham) ontem sobre os desafios logísticos do Brasil. De acordo com o empresário, as empresas de logística que atuam sobre quatro rodas são as maiores concorrentes das quatro armadoras brasileiras que atuam hoje com transporte em águas nacionais.
O valor do seguro é a maior diferença a favor da cabotagem. Isso ocorre porque o transporte em rodovias, além de ser suscetível a roubos, sofre muito mais com as falhas de infraestrutura da malha rodoviária, o que também acarreta custos maiores para a reposição de peças automotivas, que se torna mais frequente nesse caso. O índice de insegurança é praticamente zero quando uma operadora de cabotagem negocia com a seguradora, garante o gerente da Aliança. O problema, indica ele, é que o empresário olha apenas para o custo do frete na hora de escolher a forma de transporte.
O tempo de transporte e a dificuldade de cruzar o interior do País – principalmente regiões metropolitanas, onde há restrições de horário para a passagem de trens – também afastam o empresariado da cabotagem. A saída acaba sendo a integração dos modais, que ainda é feita em baixa escala pelas armadoras com empresas ferroviárias.
Apesar dessas desvantagens, Gustavo Costa acredita que a subutilização dos navios para o carregamento de mercadorias é responsabilidade muito mais do setor privado do que de uma eventual falta de estímulo do setor público. O sistema portuário hoje no Brasil está eficiente. Precisa ser melhorado, mas está tudo equacionado, tem um marco regulatório pronto. Precisamos que as próprias empresas olhem para esse modal, defendeu Costa.