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Clippings - 25/06/09

Cabral pode desapropriar área da antiga Ishibrás

O fato ocorreu há uma semana e somente agora é divulgado, graças à informação de uma fonte presente ao encontro. Em reunião realizada no Palácio Guanabara, com o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, líderes da construção naval, armadores e parlamentares – entre os quais o estadual fluminense Rodrigo Neves (PT) e o federal Edmilson Valentim (PC do B) – o governador Sérgio Cabral se irritou com o atraso nas negociações entre o antigo Ishibrás – hoje Sermetal – e a gigante Petrobras. Cabral deu um prazo para o sucesso das negociações e ameaçou desapropriar a área do estaleiro, de modo a viabilizar projeto da empresa.

No antigo Ishibrás, no Caju, foram construídos, sob a batuta dos japoneses da Ishikawajima Harima, os dois maiores navios da frota brasileira – Tijuca e Docefjord, de 311 mil toneladas de capacidade. O local virou a IVI-Caju, de propriedade de Nelson Tanure; agora, a Sermetal, que explora – de forma incipiente – os diques é uma empresa independente, mas a área pertence a Tanure.

A Transpetro tentou usar a área da Sermetal para construção de nove navios; contrato milionário, de US$ 900 milhões, chegou a ser assinado, na presença de Lula, mas a empresa Rio Nave – que usaria o local – não conseguiu dar garantias e a encomenda foi redistribuída para Eisa (do Rio) e Atlântico Sul, de Pernambuco, que ficou com a maior fatia das encomendas – e, obviamente, dos empregos. Agora, a Petrobras quer usar o dique para montar plataformas e navios-sonda – como ocorre no estaleiro W. Torre, no Rio Grande do Sul- o que deve gerar milhares de empregos, mas a estatal não consegue chegar a um acordo com os donos do terreno.

Para o governador fluminense, os aspectos empresariais são menores, pois está em jogo a geração de milhões de empregos – inclusive para recompor os que foram perdidos no caso Rio Nave.

Resta saber se o governador quis apenas pressionar as partes a chegarem a um acordo – Petrobras e grupo Tanure – ou se realmente está disposto a adotar medida drástica como a desapropriação por interesse público – que sempre acaba na justiça.

Em sua exposição, Gabrielli destacou a importância do dique da antiga Ishibrás – o maior estaleiro do país, até a conclusão do Atlântico Sul, em Pernambuco, no próximo ano. E lembrou que a estatal não pode perder tempo, sob pena de ter de levar as obras para outros estados e até para o exterior – o que desagraria muito ao ex-metalúrgico presidente Lula.

Em contatos anteriores, Cabral disse a interlocutores que sua intenção era a de não se intrometer em atividades empresariais do grupo Tanure. No entanto, segundo revelam fontes do setor, o governador considera que estão em jogo tantos bilhões de dólares e empregos que estaria disposto a desagradar ao importante líder empresarial baiano, radicado no Rio de Janeiro.
Fonte: Net Marinha/Sérgio Barreto Motta