A valorização do câmbio e o aumento de custos derrubaram a rentabilidade das exportações da grande maioria dos setores da economia no primeiro trimestre deste ano. De janeiro a março, o rendimento caiu em 19 de 24 segmentos acompanhados pela Fundação Centro de Estudos de Comércio Exterior (Funcex), a despeito de todos terem conseguido reajustar seus preços no exterior.
Um caso eloquente é o de metalurgia básica, que engloba os produtos siderúrgicos. No primeiro trimestre, os preços de exportação subiram 20% em relação ao mesmo perãodo do ano passado, mas a alta de 17,5% dos custos e a valorização do real de 8% fizeram a rentabilidade recuar 5,5%. Há casos em que a queda do rendimento das vendas externas superou dois dígitos – no de material eletrônico e comunicações, atingiu 11%.
Na maior parte dos setores, o aumento de preços das exportações tem sido insuficiente para compensar a valorização do câmbio e a alta de custos, especialmente de insumos e salários, resume o economista-chefe da Funcex, Fernando Ribeiro. A alta das matérias-primas manteve os custos em elevação no primeiro trimestre, enquanto o aquecimento do mercado de trabalho tem levado a reajustes salariais expressivos.
O consultor em comércio internacional Welber Barral observa que as empresas que produzem manufaturados enfrentam limitações para aumentar os preços. Nesse segmento, o Brasil tem competidores agressivos, como a China, Índia, Coreia do Sul e os próprios Estados Unidos com o dólar desvalorizado. Há dificuldade para repassar aumentos de custos, observa Barral, destacando também a elevação dos gastos com logística, o que encarece despesas com serviços. Para completar, há o câmbio valorizado.
Os poucos setores com aumento de rentabilidade nas exportações são produtores de commodities, como o de extração de minerais metálicos. O segmento, que inclui o minério de ferro, viu o rendimento subir 61,5%.