A crise mundial pode ser aferida pelas empresas de navegação que transportam contêineres. Segundo dados apurados pelo Centro Nacional de Navegação (Centronave) junto à Consultoria Alphaliner, a queda na movimentação de carga do setor em todo o mundo foi de 35% no primeiro trimestre deste ano – na comparação com igual perãodo de 2008. O setor em conjunto faturou nos três primeiros meses de 2009 US$ 14 bilhões, cerca de US$ 8 bilhões a menos.
Segundo a Consultoria britânica Drewry, as quedas chegam a ser de 20% nos volumes de embarque e de mais 60% nos valores dos fretes. Diante destes dados, Elias Gedeon, diretor-executivo da entidade, enfatiza que mais do que nunca, é preciso reduzir custos estruturais para garantir a qualidade de ofertas de serviços aos exportadores brasileiros.
Apoiado nesses números, o CENTRONAVE tenta reduzir as tarifas dos serviços de praticagem, que chegam a representar mais de 50% dos custos portuários no Brasil. “A praticagem é um monopólio que precisa ser regulado, para evitar abusos e distorções”, adianta Elias Gedeon.
Outra preocupação permanente da entidade é a mobilização de várias entidades empresariais e órgãos dos governos, nas diferentes esferas, visando à melhoria da infra-estrutura logística nacional. Elias Gedeon lembra que os custos logísticos têm minado a eficiência e a competitividade do setor produtivo.
Criado em 1907, o CENTRONAVE é uma entidade associativa que representa os principais armadores de longo curso em atividade no Brasil. Juntas essas empresas somam cerca de US$ 40 bilhões em ativos no país, entre navios e equipamentos, respondendo por 98% da movimentação de cargas em contêineres e por 70% das exportações e importações totais.
Em conjunto, os 30 armadores associados ao CENTRONAVE disponibilizam, para o Brasil, uma frota de mais de 400 navios. Essas embarcações operam em dezenas de linhas, que ligam o Brasil a 170 países – 40 dos quais sem transbordo. Com a sua atividade, os armadores garantem agilidade às exportações brasileiras, a despeito dos notórios gargalos legais, burocráticos e estruturais que o país enfrenta.
No Brasil, como no restante do mundo, as empresas de navegação atuam em meio a um ambiente de forte competitividade, com várias empresas ofertando linhas, rotas e escalas alternativas. Esta ampla concorrência tem garantido preços menores com serviços de qualidade para os usuários de cargas marítimas conteinerizadas.
Devido à forte concorrência e à operação de navios cada vez maiores (com economia de escala), os fretes marítimos estão bem mais baratos do que há 15 anos, conforme atesta a consultoria Drewry. Contudo, a eficiência e os fretes reduzidos perdem-se por conta dos custos gerados pelos entraves estruturais e burocráticos, constantemente apontados pelo CENTRONAVE em sua mobilização pela cadeia logística. (Press Guide)