Se não forem tomadas providências concretas para acelerar os investimentos governamentais e para liberar o setor privado a investir na construção de uma eficiente infraestrutura de transportes, o desenvolvimento do país será paralisado. O alerta é de Luiz Antonio Fayet, consultor de Logística e Infraestrutura da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A otimização do sistema de transportes é essencial, concorda o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões.
A CNA desenvolve estudos sobre logística e infraestrutura há seis anos, de forma a ter embasamento técnico na defesa dos interesses do setor rural junto ao governo. Na área de transportes, a conclusão é de que é urgente a necessidade de novos tipos de investimentos, pois os sistemas rodoviários não suportarão a expansão da demanda. A implantação de hidrovias é uma questão lógica, de economicidade e sobrevivência, mas para isso deverão ser modificados o atual modelo portuário e o conceito de uso múltiplo dos rios navegáveis, salienta Fayet.
Para Minas Gerais, uma das propostas é a ampliação da hidrovia do Rio Paraná e seus afluentes. Numa primeira etapa, a área de navegação atingiria cerca de 2 mil quilômetros, abrangendo vários estados e com grande impacto no oeste mineiro, aumentando o grau de fixação de renda na região. Seria um verdadeiro mar interior, ressalta Fayet. Outra alternativa para o Estado é a revitalização do Vale do São Francisco, principalmente para navegação, e do Vale do Rio Doce, para uso múltiplo: transporte, geração de energia, irrigação e abastecimento de água.
CUSTOS
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) apoia os estudos e as reivindicações do Sistema Sindical Rural por concordar que a reestruturação do sistema nacional de transportes é fundamental para o aumento da renda do setor rural. O diretor do Departamento de Infraestrutura e Logística do Ministério, Biramar Nunes de Lima, confirma que, para distâncias acima de 300 quilômetros, a hidrovia custa três vezes menos que a rodovia. O Brasil precisa buscar o equilíbrio da sua matriz de transporte, de forma a aumentar a competitividade de seus produtos.
Conforme planejamento estratégico do Ministério da Agricultura, no ano agrícola 2017/2018 o Brasil deverá ampliar consideravelmente a produção de alimentos. Só a safra de grãos deverá ser acrescida em 40 milhões de toneladas, atingindo 180 milhões de toneladas. A produção de carnes deverá ter acréscimo de 12 milhões de toneladas; a de açúcar, de 15 milhões de toneladas; e a de álcool, de 35 bilhões de litros. Como grande parte desta produção será exportada, Biramar Nunes chama a atenção para a necessidade de otimizar a chegada dos produtos aos portos.