Comercializadora e gestora aposta que há margem para queda nos preços e aposta em PCHs fora da competição.
No primeiro leilão de energia dedicado à geração eólica, promovido pelo governo em 2009, o mercado falava que o custo dessa fonte ficaria na casa dos R$180 por MWh. No certame, com a forte competição, esse valor caiu para uma média de R$148 por MWh. No ano passado, em licitação que colocou essas usinas para concorrerem com plantas a biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), houve nova queda, surpreendendo o próprio governo. A tarifa média praticada pelas eólicas no certame chegou a R$133 por MWh. Há quem acredite que esse é o limite, mas, para o vice-presidente da comercializadora e gestora de energia Comerc, Marcelo Ávila, ainda há espaço para reduzir o custo da fonte.
Tem gente que acha que aquilo foi uma coisa passageira, devido à crise na Europa, e que logo o preço vai ser reajustado. Mas temos percebido que há espaço para esse valor cair, aposta o executivo. De acordo com Ávila, os negócios da Comerc em gestão para empresas do segmento de geração têm crescido e, pelas conversas com esses players, é possível perceber que há margem para baixar ainda mais as tarifas nos certames.
Ao mesmo tempo, Ávila acredita que as PCHs vão se tornar carta fora do baralho – tanto nos leilões realizados pelo governo quanto no mercado livre. Hoje, não tem mais contrato de PCH no mercado livre. Quem conseguiu vender (energia de PCHs) vendeu. Agora, não consegue mais, revela. O executivo afirma que o setor de pequenas hidrelétricas terá de buscar soluções para voltar a ter atratividade e lembra que muitas empresas antes dedicadas a esse segmento estão buscando negócios em outros campos, como usinas eólicas.
O executivo ainda avalia que a biomassa, as usinas eólicas e a energia de biogás, gerada por aterros sanitários, estão muito competitivas. Segundo o vice-presidente da Comerc, os preços praticados atualmente no mercado livre, na casa dos R$110 por MWh, estão criando um ambiente em que a energia renovável já compete diretamente com a de fontes convencionais – uma vez que esses empreendimentos de fontes alternativas têm desconto na tarifa fio (Tusd).
No mercado livre
A Comerc Energia foi a responsável por realizar o leilão para a venda da futura produção de um parque eólico que a italiana Enel construirá no Brasil. De acordo com Ávila, a usina será viabilizada pelo mercado livre, sem necessariamente precisar de contratos fechados via licitações do governo.
Segundo o executivo, estão sendo negociados entre a Comerc e a Enel os termos para absorver os riscos associados à energia eólica, que depende do vento e não pode ter seus volumes de geração previstos. O consumidor não vai enxergar isso. Vai fechar um contrato normal, como se estivesse comprando energia convencional, assegura Ávila. Segundo ele, é preciso fazer um trabalho de gestão, pois, caso existisse algum risco associado, a fonte não teria atratividade no mercado.
Pelas regras do certame da Comerc, as propostas foram feitas em uma primeira fase, não vinculante. Agora, as melhores ofertas, classificadas para uma segunda fase, podem negociar presencialmente os contratos. Ávila adianta que os principais interessados no negócio foram comercializadoras e empresas ligadas a grupos que atuam em geração, sem grande presença de consumidores finais.