O grupo familiar Construcap, com sede em São Paulo, irá investir R$ 200 milhões na construção de um estaleiro no Porto de Suape, a 60 quilômetros do Recife (PE). O empreendimento vai marcar a entrada no setor naval de um grupo com operações bastante diversificadas, que passam por construção civil, concessão de rodovias, mineração e agronegócios.
O estaleiro, o terceiro já anunciado para Suape, irá ocupar uma área de 40 hectares, onde serão construídos os chamados topsides, estruturas que são instaladas sobre os cascos das plataformas de petróleo. Apesar do investimento já ter sido anunciado, a Construcap ainda não tem encomendas para o estaleiro, as quais espera obter nas licitações da Petrobras que devem ocorrer no início de 2010.
O vice-presidente e sócio da Construcap, Roberto Capobianco, lembrou que a viabilidade do empreendimento está condicionada à obtenção de contratos com a estatal no âmbito das licitações. Mas o empresa demonstrou confiança e disse que irá conquistar os contratos necessários para viabilizar o projeto.
De acordo com o executivo, a Construcap já trabalhou com a Petrobras, mais especificamente no segmento de montagem industrial de refinarias. Segundo Capobianco, a decisão de ingressar no setor naval surgiu basicamente da expectativa para a forte demanda da estatal por navios e plataformas, em razão da exploração da camada pré-sal.
Caso obtenha encomendas para as plataformas, o estaleiro deverá ter suas obras iniciadas durante o segundo semestre do ano que vem. Capobianco afirmou que as obras deverão gerar cerca de 1,5 mil empregos e irão durar de 12 a 15 meses.
O empresário informou ainda que os investimentos serão pagos com um mix entre recursos próprios do grupo e financiamentos com bancos públicos e privados, porém não revelou em que proporções.
O anúncio do terceiro estaleiro para Suape sinaliza que a região deverá mesmo se tornar um polo naval importante, outro motivo que, segundo Capobianco, atraiu a Construcap. No momento, já opera no local o Estaleiro Atlântico Sul, sociedade entre Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, Samsung e PJMR. Além deste, também foi anunciado, em setembro, um estaleiro controlado pelos grupos Alusa, Galvão Engenharia e a coreana Sungdong, em um investimento estimado em US$ 500 milhões.
Também na onda do pré-sal, foi anunciada a construção de uma nova fábrica de válvulas industriais, voltas especificamente para a indústria de petróleo e gás. O investimento, de R$ 23 milhões, será feito pela empresa Apex Internacional, que espera começar a terraplanagem do projeto ainda neste ano, segundo informou sua presidente, Nancy Lockwood.
Com o projeto, a empresa espera obter um faturamento de cerca de US$ 19,4 milhões em 2011, valor que poderia chegar a US$ 40 milhões em 2015. Assim como a Construcap, a Apex também já atuou como fornecedora da Petrobras.