Em conferência no seminário Container Handling Technology, realizado em São Paulo pela Port Finance International, Marcelo Procópio, diretor do Sepetiba Tecon,de Itaguaí (RJ), mostrou que, após se assenhorar integralmente da chamada carga geral, os terminais de containeres vão partir para disputar cargas a granel. O container, como se sabe, é mais caro, porém seu preço deve cair com o surgimento de navios cada vez maiores. Além disso, permitem operação com chuva ou sol e, no destino, uma padaria pode importar um container com trigo, diretamente. Já em cargas a granel, somente grandes intermediários podem armazenar as cargas e, em seguida, cobram um sobrepreço para redistribuir em sua região. Lembrou Procópio que o container surgiu com o americano Malcolm Maclean, em 1956 e a operação começou em Santos com duas unidades a bordo de um navio de carga geral. Em 2012, o Brasil recebeu o “Aliança Itapoá”, da Aliança/Hamburg Sud, com capacidade de 8.500 TEUs (containeres de 20 pés ou equivalente, com um container de 40 pés contando como dois TEUs). Em 2013, deverão atracar no Brasil navios com capacidade para 11 mil TEUs – o que tem tudo a ver com o marketing para atrair novas cargas.
Segundo Procópio, o potencial existente é de se atrair 800 mil TEUS anuais de milho, 970 mil de açúcar, 3,3 milhões de soja e 11 milhões de TEUs de minério de ferro. Como na piada em que Garrincha, após ouvir o técnico explicar como seria a vitória sobre a Rússia, pergunta se os russos estarão de acordo, é o caso de se perguntar se os armadores de graneleiros vão permitir o êxito dessa caça às cargas a granel.
Dados mostram que, de 1998 a 2011, o PIB brasileiro cresceu 3,1% ao ano e o movimento de containeres subiu 10,1%. Abaixo de Santos, Itajaí (SC) aparece com 13% do mercado, Rio Grande (RS) com 8%, Paraguaná (PR), com igual parcela, enquanto, no Rio de Janeiro, o porto do Rio atinge 5% e o Sepetiba Tecon chega a 4% do total nacional de operação de containeres.
O Brasil é líder mundial em exportação de açúcar, suco de laranja, fumo e carne de frango. Este ano, o será também em soja, devido à quebra na safra americana. O país é vice-líder mundial em exportação de carne bovina, farelo de soja e óleo de soja.
Robert Grantham, da Ship Consult, mostra dados que indicam que, em 2021, o Brasil estará operando com 14,7 milhões de TEUs. Com base em dados da respeitada consultoria inglesa Drewry, informa que o índice mundial de produtividade em terminais de containeres é de 846 (containeres por metro linear de cais, por ano) contra 675 no Brasil. Revela que a maior produtividade nacional está com o Santos Brasil, seguindo-se APM-Itajaí, Libra Santos e Tecon RS. No Rio, todos os terminais estão abaixo da média nacional: MultiRio, Libra Rio e Sepetiba Tecon.