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Clippings - 04/09/24

Corio Generation mira 5 projetos eólicos offshore

Companhia considera que existe grande sinergia entre projetos de geração eólica no mar e indústria de O&G. Preocupação fica principalmente com propostas de regulamentação da atividade

A Corio Generation desenvolve projetos de cinco parques eólicos offshore em três diferentes regiões do Brasil que possuem cerca de 1,2 gigawatt (GW) cada. Desde 2022 no país, a empresa foi atraída pela possibilidade aberta a partir dos termos de referência do Ibama para esse tipo de instalação. A avaliação é que existe uma sinergia muito grande entre projetos eólicos offshore e indústria de petróleo e gás. A preocupação, porém, fica principalmente com propostas de regulamentação da atividade em discussão no Congresso.

Os estudos em andamento, acompanhados pela Corio nos últimos dois anos, abrangem avaliações sobre ventos, marés, subsolos e portos ao longo da costa brasileira. Um projeto da empresa está localizado no Nordeste, outro no Sudeste, além de três no Rio Grande do Sul, para o qual a empresa firmou parceria recente com os Estaleiros do Brasil (EBR), localizado em São José do Norte.

A escolha do EBR, segundo a Corio, levou em conta a infraestrutura apropriada para receber a base da Corio futuramente. “Esse MOU (acordo preliminar) dá caráter de mais robustez para abrirmos números e informações, começando a avaliar aluguel de uma área no futuro com definições infralegais (concessões de áreas offshore junto ao Ministério de Minas e Energia)”, disse o CEO da Corio, Ricardo De Luca, à Portos e Navios.

A avaliação da Corio é que o EBR já está acostumado com a indústria de O&G forte e porque, apesar de contratos firmados com outras empresas do setor, ainda existe ociosidade do estaleiro, tanto de área quanto da atividade. Ele destacou que, nesse tipo de projeto, há muito trabalho de caldeiraria, soldagem, além da utilização da área que a empresa pretende implementar lá. “Vemos ciclos de quatro a cinco anos no O&G, que vive de altos e baixos. Nossa indústria entra para nivelar essa demanda (…). Vamos continuar a manter atividade naval e portuária num nível bacana”, traçou De Luca.

Um dos pontos principais desses projetos é ter uma estrutura portuária por perto para a logística de instalação dos equipamentos e de operação dos parques. “Fica muito caro e praticamente inviável fazer esse projeto longe de um porto ou de área offshore num estaleiro. Todas as empresas têm procurado colocar seus projetos perto dos melhores portos e estaleiros do Brasil para serem usados depois como uma base offshore para poder levar, instalar e fazer manutenção dos equipamentos”, pontuou De Luca.

O executivo considera que existe uma sinergia muito grande entre projetos eólicos offshore e a indústria de O&G, principalmente em relação às empresas utilizadas para instalações, navegação e estudos. Uma consultoria fez um estudo para a Corio que indicou portos com mais capacidade de receber indústria de eólica offshore, semelhante ao que a indústria de O&G já está fazendo.

Em março, a Corio assinou um acordo com o Porto do Açu (RJ) para estudar a viabilidade de uma área que fica na hinterlândia do complexo portuário e industrial do norte fluminense. De Luca acrescentou que as três áreas no Rio Grande do Sul possuem potencial de vento, portos e proximidade de conexão com o grid e perto do centro consumidor de energia.

Um dos principais desafios observados pela Corio está em propostas consideradas ‘jabuti’ no texto do projeto de lei das eólicas offshore. “Estamos pendurados com um PL sem subsídio, sem incentivo do governo e estamos sendo massacrados por causa dos ‘jabutis’ que não têm nada a ver com o tema”, apontou o CEO da empresa.

O mercado estima que um projeto de geração eólica offshore com 1 GW de capacidade representa um investimento da ordem de US$ 3 bilhões, com uma média entre oito e 10 anos para sair do papel. Segundo De Luca, já existem projetos em Brasília para 2032. Há também um cálculo que projetos de eólica offshore geram em torno de 15 mil a 30 mil empregos por GW. Atualmente, existem mais de 240 GW requisitados para esse tipo de fonte.

Para De Luca, esse é um ecossistema grande, que mexe com estaleiros e com praticamente uma nova indústria de O&G sendo desenvolvida, considerando o tamanho dos investimentos e do impacto de benefícios nas regiões, por meio da distribuição de receitas para municípios, estados e governo federal. “Isso tudo tem que ser montado no porto para poder sair de embarcação e ir direto para área instalada, com melhor infraestrutura. Serão portos que receberão investimentos, tanto de empresas chinesas, quanto de norte-americanas e europeias dessa indústria”, projetou.

Fonte: Revista Portos e Navios