A recuperação mundial, puxada principalmente pela Ásia, deverá levar a um aumento dos financiamentos as exportações neste último trimestre do ano. Além disso, a valorização do real frente ao dólar, deverá provocar uma alta também no crédito para importação. A divergência de analistas de mercado fica por conta da intensidade das reações dessas linhas de financiamento.
Para o professor de economia da Trevisan Escola de Negócios Alcides Leite, o aquecimento das economias asiáticas, europeias e dos Estados Unidos deve elevar as exportações do País e levar a uma alta nas linhas para financiar esses negócios. Há uma grande probabilidade de recuperação nas exportações e linhas de empréstimo, principalmente por conta de venda de commodities, afirma. Para ele, produtos como alimentos e minérios deverão ser o destaque nessa recuperação.
Já o diretor-executivo do Fractal Instituto de Pesquisas Celso Grisi analisa a situação como o embate de duas forças – de um lado está a recuperação mundial e a desvalorização do dólar no mundo, do outro.
Grisi explica que o crescimento da China de, 10% anualizado, do Japão, de 4,8% anualizado, calcado na recuperação chinesa, sobretudo por investimentos em obras de infraestrutura naquele país, puxa o crescimento do que ele chama de bloco do ien. Além disso, a União Europeia também mostra sinal positivo de crescimento, de 0,7% anualizado, com Alemanha e França como carros-chefe, alta de 0,9% e 0,7%, respectivamente. No entanto, ele não acredita que essa melhora na economia mundial seja suficiente para alavancar sobremaneira as exportações brasileiras. Há uma alta na demanda, mas não de uma forma intensa que leve a uma alta nos preços em dólar, argumenta. Grisi diz, que dessa forma o País perde competitividade, uma vez que já não um crescimento do câmbio em uma velocidade maior que a valorização do real frente ao dólar. Não há razões para esperar um movimento de recuperação das exportações forte. Pode haver alguma, mas em um patamar discreto, nada alentador, completa.
Segundo dados mais atualizados do Banco Central, a linha de exportação de Adiantamento de Contratos de Câmbio (ACC) sofreu uma queda de 17,6 % no ano, até setembro, a estoque de R$ 35,652 bilhões. Naquele mês, em relação a agosto, a baixa havia sido de 8,6%. Já a linha de repasses externos, teve uma queda de 51,1% no ano, até setembro, a saldo de R$ 13,936 bilhões. No mês, em relação a agosto, a baixa nas contratações foi de 8,2%.
Para Grisi, esse panorama deve mudar por volta de abril ou maio de 2010, com uma recuperação mais forte da economia mundial, o que irá levar a uma demanda maior por petróleo e elevar seu preço, a ser pago na moeda norte-americana. Com o dólar mais procurado, a concorrência dos Estados Unidos se torna mais leve e os produtos brasileiros ganham em competitividade até no mercado norte-americano. Esse ganho de competitividade deve levar a um aumento nas exportações, analisa o executivo.
Se a perspectiva para as vendas no exterior não é das melhores neste ano, as linhas para importação devem ter um movimento mais alentador. Nesse ponto, os analistas concordam que o dólar favorável, em conjunto com o perãodo de festas de fim dce ano, podem dar um impulso maior a essas linhas de empréstimos. Os dados do BC ainda se referem ao perãodo de influência da crise. Deve haver melhora nos próximos números, diz Leite, professor da Trevisan.
Grisi concorda com a análise, mas com um porém. As grandes compras para o perãodo já foram feitas e entregues, o que restringe o potencial de crescimento que esses fatores poderiam trazer no perãodo, alerta. Segundo dados do BC, a linha de financiamento de importações teve uma queda de 32,8% no ano e de 6,1% em setembro ante o mês anterior, a saldo de R$ 12,797 bilhões.
A queda acentuada das carteiras dos bancos de linhas para exportação e importação deve ser revertida somente a partir do segundo trimestre de 2010, segundo especialistas.