Após sucessivos adiamentos, o governo promete para os próximos dias a regulamentação da Lei do Gás (Lei 11.909 de 04 de março de 2009). Pelas novas regras, os novos gasodutos a serem construídos no país serão planejados e controlados pelo Ministério de Minas e Energia (MME), e passados às empresas de interesse por meio de concessões, que poderão valer até 30 anos. Este modelo espelha o que já acontece no setor elétrico, em que as novas hidrelétricas ou redes de transmissão são planejadas pelo governo e repassadas à iniciativa privada por meio de leilões. No modelo atual do transporte de gás, qualquer empresa pode desenhar os corredores de gasoduto de que precisa e executá-los, perante autorização do MME, podendo abrir ou não o duto para a utilização de outras empresas. Na prática, no entanto, o que acontece é que, dos 6,5 mil quilômetros de gasodutos para o transporte interno de gás, 6,2 mil pertencem à Transpetro, braço de logística da Petrobras. Os outros 300 quilômetros são controlados por empresas que têm participação da estatal, bem como os 2,5 mil quilômetros do gasoduto Brasil-Bolívia, que importa o gás daquele país. Embora se trate de uma empresa pública, a Petrobras possui os direitos de exclusividade sobre seus corredores e, dessa forma, qualquer negociação entre outras produtoras e distribuidoras de gás, além da própria Petrobras, só são feitas por meio de seu intermédio. Esta situação faz com que na prática, as empresas produtoras, que possuem campos de exploração, não conseguem colocar seu produto direito no mercado, tendo que vendê-lo para a Petrobras. Com as mudanças nas regras, a expectativa é que se facilite a entrada de outras empresas no mercado de transporte, e que a concorrência leve a uma queda natural no preço do frete, beneficiando assim o consumidor final. Outro aspecto que também deve favorecer a redução do frete é que de acordo com a nova lei as concessões serão dadas as empresas ou consórcios que oferecerem a menor tarifa de transporte.