A divulgação de uma nova descoberta de óleo na área do pré-sal da Bacia de Santos, pela Petrobras, na segunda-feira, foi recebida pelo mercado com bom humor, mas sem grande euforia. A jazida, encontrada no campo de Abaré Oeste, confirma o índice de sucesso da companhia naquela área, mas não trouxe novidades.
O que todos queremos saber é de quanto são essas reservas. E com apenas um furo é muito cedo para isso, comentou o geólogo Giuseppe Baccocoli, que não descarta a possibilidade de esta área ser no futuro confirmada como sendo contínua de outras.
No bloco BM-S-9, onde foi localizado o potencial de acumulação de óleo de Abaré Oeste, também já foram encontrados reservatórios nos campos de Carioca, Iguaçu e Guará, sendo que apenas neste último a Petrobras anunciou o volume estimado entre 1 bilhão e 2 bilhões de barris. Em relatório recente, o analista do Credit Suisse Emerson Leite projeta a estimativa do bloco em 4 bilhões de barris.
O volume é bem mais conservador do que o anunciado pelo diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Haroldo Lima, de 30 bilhões de barris, com base em análises feitas à época.
Segundo Baccocoli, a nomenclatura de poço a poço é uma prática recente da Petrobras, segundo moldes americanos. Somente muito recentemente começou a ser dado um nome provisório para cada poço.
Se a área é ou não um reservatório contíguo a uma vizinha, só se vai saber após várias outras perfurações, disse, lembrando que, na década de 40, um reservatório na Arábia Saudita chegou a começar a ser produzido e somente após décadas soube-se que ele se estendia até campos vizinhos.
Para analistas da Ativa Corretora, o impacto da nova descoberta deve ser positivo sobre as ações da companhia, apesar de ainda não ter sido indicado o volume recuperável no local. Acreditamos que continuaremos recebendo informações positivas sobre as novas perfurações da área, o que, em conjunto com o movimento no preço do petróleo no mercado internacional, ditará a performance das ações da Petrobras no curto prazo, avalia a Ativa.
Já o analista do Banco do Brasil Nelson Rodrigues de Mattos lembra que, muito embora haja necessidade de dar continuidade às avaliações das acumulações de petróleo já descobertas na área para identificar o volume, trata-se de notícia extremamente positiva, visto que confirma uma vez mais a potencialidade do bloco.