O diretor-geral da ANTAQ, Fernando Fialho, participou na sexta-feira (5) da mesa de abertura do I Fórum Conteúdo Local, realizado no Rio de Janeiro (RJ). O encontro reuniu autoridades, especialistas e representantes da indústria e de bancos de fomento (BB, Caixa e BNDES) em torno do debate sobre o desenvolvimento da cadeia produtiva e de fontes de financiamento para o setor da construção naval nacional.
O encontro, que foi realizado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) e pela Fundação Cultural ARO, contou com a presença de autoridades, como o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e o Secretário de Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Bueno, que representou o governador Sérgio Cabral.
Segundo a falar, o diretor-geral da ANTAQ destacou o papel da indústria naval na geração de empregos. Fialho lembrou que será preciso produzir embarcações modernas para apoiar o rápido crescimento da exploração de petróleo na costa brasileira. “Vislumbramos um perãodo de crescimento muito forte e temos o desafio de estarmos sintonizados para construir um Brasil melhor. A indústria naval e o setor de navegação são parceiros nesse esforço”, afirmou.
Fialho também ressaltou o papel da ANTAQ no desenvolvimento do transporte aquaviário, ao traçar as normas que possibilitam soluções para a área de navegação marítima, incentivo e proteção à cabotagem e à indústria naval brasileira.
O presidente do Sinaval, Ariovaldo Rocha, defendeu o fortalecimento do setor, através de ações de capacitação de recursos humanos e desenvolvimento tecnológico. Segundo ele, no ano 2000, a indústria gerava 2.000 empregos. “Hoje, são quase 56 mil empregos com carteira assinada”. Além disso, informou que o setor congrega atualmente 40 estaleiros em todo o país, atendendo principalmente ao setor de offshore.
O presidente da Transpetro, Sérgio Machado, disse que o programa de ampliação da frota da empresa é para explorar petróleo e não descobrir petróleo. Ele afirmou que, com o pré-sal, em 2020, o país será o 4º em produção de petróleo do mundo. “O país é privilegiado e já vive este momento único”, afirmou referindo-se às descobertas de petróleo no mar.
Machado defendeu o desenvolvimento de uma indústria nacional de navipeças. “Mas para isso, teremos que discutir sobre os impostos que incidem sobre o setor”, salientou. E destacou que o exemplo da Petrobras de comprar embarcações no Brasil deveria ser seguido por outras empresas brasileiras.
O presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, disse que os planos da empresa são investir R$ 224 bilhões nos próximos cinco anos. Segundo Gabrielli, a empresa está trabalhando para poduzir 3 milhões de barris/dia em 2020. Ele disse que, hoje, a empresa produz 2 milhões de barris/dia, havendo só quatro países à frente do Brasil em consumo de petróleo em todo o mundo – EUA, Índia, China e Japão.
O presidente da Petrobras lembrou que se o país não tiver uma indústria naval ágil fracassará na exploração do pré-sal. Segundo ele, a empresa vai precisar de 580 navios de todos os tipos e 65 sondas de alta profundidade em 2020. “ A ideia é perfurar mil poços até 2020. Portanto, a demanda existe, e o que estamos dizendo, de maneira clara, é que vamos precisar da indústria naval”, ressaltou.
O secretário de Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Bueno, anunciou a criação de um distrito industrial, no município de Itaguaí, para a indústria naval. Anunciou também a criação de uma linha especial de fomento e de um programa de incentivo tributário para o setor, que deverá funcionar nos moldes do Repetro.
Bueno anunciou ainda que o governo estadual vai lançar um programa de capacitação de recursos humanos e falou que hoje existe uma linha de financiamento para inovação tecnológica do setor de quase R$ 500 milhões.
Estudo do Conteúdo Local
Na segunda parte do encontro, foi apresentado o Estudo sobre Conteúdo Local da cadeia produtiva da indústria naval, seguido de debate.
De acordo com o estudo, um dos principais desafios do setor é a formação de mão-de-obra qualificada. O levantamento também considera que a indústria perde muita competitividade com o dólar fraco e teme a descontinuidade dos programas da Transpetro e Petrobras.
Entre as propostas para alavancar a competência da indústria local, o estudo sugere a criação de clusters de pesquisa e desenvolvimento, aproximando a indústria do setor acadêmico. Além disso, o estudo quer que os limites de financiamento sejam ajustados à realidade do conteúdo local.
Para o setor, também é fundamental à sustentabilidade da indústria a definição de regras específicas para certificação do conteúdo local.
O diretor de Insumos Básicos e Infraestrutura do BNDES, Roberto Zurli, disse, durante os debates, que a prioridade do Banco é com a inovação tecnológica e o desenvolvimento do conteúdo local, tranquilizando os empresários.
Já o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, descartou a descontinuidade dos programas da empresa. “Esses programas do pré-sal são para 10, 20 30 e mais anos”, declarou.