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Enquanto aguarda definições mais claras sobre uso de combustíveis alternativos, empresa testa adaptação de produto para navios
A Dislub observa uma série de oportunidades no mercado de bunker em meio às discussões globais sobre descarbonização do transporte marítimo. Enquanto aguarda definições mais claras por parte dos armadores quanto aos futuros combustíveis, a empresa do Grupo Dislub Equador (GDE) estuda soluções para o mercado brasileiro. Uma das possibilidades em estudo é uma linha de produtos hoje usada para diesel e gasolina que tem um catalisador que melhora a eficiência do consumo e reduz em até 50% as emissões de carbono, por meio de um aditivo.
O diretor de desenvolvimento de negócios da Dislub, Leonardo Cerquinho, contou à Portos e Navios que a empresa vem fazendo testes e ensaios para verificar se a solução, reconhecida como combustível de transição pela Organização das Nações Unidas, também possui impacto positivo sobre o bunker. A Dislub também mantém conversas com armadores de cabotagem e de longo curso para identificar quais serão os combustíveis adotados nesse processo.
Em agosto, Cerquinho esteve no Rio de Janeiro para entender como os armadores enxergam essa questão. “Ainda não está claro para nós nem para armadores quais serão as alternativas. Esperamos um pouco a sinalização deles para podermos nos mexer”, resumiu. Ele comentou que, se a opção principal dos armadores for o metanol, por exemplo, haverá necessidade de tanques de combustíveis e de navios com grande capacidade de tancagem, caso o insumo não seja produzido próximo ao porto. No caso do gás natural liquefeito (GNL), está previsto um terminal de regaseificação de gás natural sendo estabelecido no Porto de Suape (PE) que pode ser um hub de abastecimento quando a nova instalação estiver operacional.
Se a opção for pela amônia, existem projetos em desenvolvimento em Suape e em outros portos ligados ao insumo e à produção de hidrogênio verde (H2V). Já o metanol pode ser produzido a partir do gás carbônico de origem orgânica, através de usinas. “São conversas que temos diariamente, mas os próprios armadores ainda não têm claro quais serão soluções”, reforçou Cerquinho.
O diretor da Dislub acredita que o Brasil levará vantagem na maioria das opções, seja biodiesel, metanol, etanol, hidrogênio verde ou amônia. “Estamos atentos a tudo isso. Somos o 6º maior distribuidor de combustíveis do país, de maneira geral. Se, eventualmente, alguém quiser trabalhar com etanol é fácil para nós nos adaptarmos porque já temos a cadeia de distribuição”, exemplificou Cerquinho.
Ele projeta que o Porto de Suape tem demanda natural por bunker e a nova operação vai preencher esse espaço, atendendo às necessidades do mercado com qualidade e eficiência, e fortalecendo a presença no setor. No final de agosto, Dislub e Ultracargo anunciaram parceria para realizar operações de óleo combustível marítimo no Porto de Suape, que já estão em funcionamento.
Cerquinho observa que Santos (SP) hoje é a principal referência porque a Petrobras atende com volume e preço competitivos. Ele ressaltou que, de modo geral, o bunker brasileiro não é caro e consegue ser competitivo em relação à maior parte dos grandes hubs globais de combustíveis. Singapura e Roterdã, na Holanda, são vistos como benchmarkings internacionais.
Para o diretor da Dislub, a concentração em Santos pela Petrobras pode eventualmente gerar algumas dificuldades operacionais. Ele pondera que a descentralização que aconteceu recentemente é importante, com a entrada de players privados no mercado brasileiro. É o caso de Raízen, Ipiranga e Bunker One, por exemplo. “Está sendo saudável da forma como está sendo feito. A Petrobras deve focar nos navios dela e [Dislub e demais empresas] temos condição de dar mais eficiência sistêmica ao processo como um todo na costa brasileira”, analisou.
Fonte: Revista Portos e Navios