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Clippings - 10/09/25

DNV atesta sistema de empresa brasileira que previne bioincrustações

Certificação internacional foi emitida pela classificadora à tecnologia da BioRen para aplicação em superfícies submersas. Empresa enxerga oportunidades principalmente no segmento offshore

A BioRen Tecnologia foi certificada pela DNV, que atestou a eficácia de um sistema que previne bioincrustações em superfícies submersas. De acordo com a empresa brasileira especializada em tecnologia anti-incrustante, a solução preventiva consiste na geração de um campo eletromagnético com frequência e potência específicas, capaz de impedir o crescimento de organismos marinhos nas superfícies tratadas sem uso de biocidas ou ultrassom, preservando a eficiência operacional e reduzindo impactos ambientais.

O CEO da BioRen, Luiz Gustavo Cidade, disse à Portos e Navios que a tecnologia já foi utilizada em mais de 80 embarcações, ajudando a reduzir as emissões de gases do efeito estufa (GEE). Ele explicou que o sistema antifouling, os chamados ‘AFS H’ e ‘AFS-N2’, desenvolvidos pela empresa, reduz a adesão de organismos aquáticos em superfícies submersas. A corrente elétrica gerada por algoritmo específico cria um campo eletromagnético e protege superfícies submersas de forma eficiente e sem prejudicar o meio ambiente.

Ele acrescentou que, além de prolongar a vida útil das estruturas, a solução visa contribuir para a diminuição do consumo de combustível e das emissões de GEE, alinhando-se às práticas sustentáveis e às exigências crescentes do mercado por soluções limpas e eficientes. Cidade disse que, diferentemente das tecnologias convencionais, que acabam manipulando substâncias prejudiciais ao meio ambiente, o campo eletromagnético gerado nessa solução não interfere negativamente na vida marinha, na medida em que evita o uso de substâncias tóxicas que poderiam causar danos severos aos ecossistemas aquáticos. “Entendemos que tecnologia preventiva é mais inteligente para combater o problema”, afirmou.

Ele lembrou que esse problema afeta diversos segmentos da indústria, em especial as de navegação mercante e offshore. Bioincrustações marinhas, como as cracas, por exemplo, em cascos de embarcações aumentam o consumo de combustível e consequentemente as emissões de GEE, além de prejudicar a eficiência operacional. A perda hidrodinâmica e de eficiência, em alguns casos, pode chegar a até 40%.

Cidade contou que a BioRen foi fundada em 2021, mas a tecnologia vem sendo desenvolvida desde 2013, com resultados eficazes em testes e implementações iniciais. Nesse período, são mais de 80 embarcações que receberam essa tecnologia e 2,5 milhões de horas de operação na proteção de cascos, caixas de mar, filtros e box coolers. Em agosto, a BioRen participou do ciclo de palestras da 19ª Navalshore, no Rio de Janeiro.

A aderência de organismos marinhos como algas, moluscos e bactérias em superfícies submersas, representam um desafio significativo para a navegação. A aposta é que a tecnologia seja uma alternativa para mitigar esses impactos ambientais e operacionais causados por espécies invasoras, como o coral-sol, já que impede o crescimento de organismos marinhos nas embarcações e instalações offshore, e está sendo testada com este objetivo.

A bioincrustação nos sistemas de resfriamento, como caixas de mar e box coolers, pode causar danos aos equipamentos primários, levando a paradas operacionais e exigindo manutenção corretiva constante. O custo extra anual provocado por bioincrustações no mercado de navegação global é estimado em US$ 100 bilhões. Outro problema é o problema do transporte de espécies invasoras, que podem causar transtornos ambientais e operacionais.

A BioRen é controlada pela Lorinvest, gestora de recursos de raízes norueguesas, e inspirada pelos princípios do Lorentzen Group, empresa fundada em 1953. A Lorinvest é uma gestora brasileira de investimentos que administra recursos próprios e de terceiros. A gestora foi criada em 2009 pela família de Erling Lorentzen, empresário de origem norueguesa que fundou a Aracruz Celulose. Atualmente, a Lorinvest detém em seu portfólio 12 empresas e startups de diferentes setores, entre eles: bioeconomia, tecnologia industrial, navegação, gás natural, imobiliário, saúde e finanças.

O CEO disse à reportagem que a empresa vem conseguindo se consolidar com essa tecnologia antifouling para os segmentos de navegação mercante e offshore, tanto na parte interna, quanto externa das embarcações. Ele acrescentou que já é possível vislumbrar o mercado internacional, olhando para oportunidades e parceiros adequados. “Para próximos anos, foco em navios no Brasil e olhar para o internacional e começar a monitorar outros mercados”, comentou Cidade.

O executivo vê como maior desafio fazer o cliente sair da zona de conforto e adotar uma nova tecnologia. Ele considera o mercado brasileiro atraente porque tem um segmento offshore forte e o modal cabotagem com uma quantidade relevante de navios. “Nosso objetivo nesse momento é o mercado do Brasil, entender como funciona e dar um passo na internacionalização. Entendo que chegou o momento de mapearmos oportunidades fora do Brasil. Estamos maduros o suficiente para iniciar desenvolvimento fora. Avaliamos potenciais parceiros, estamos evoluindo por conta do certificado obtido da DNV”, analisou Cidade.

Fonte: Revista Portos e Navios