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Clippings - 16/10/09

Eike desiste, por hora, de obter fatia na Vale

Incomodado com o que classifica de politização de suas recentes declarações, o empresário Eike Batista, afirmou na quinta-feira ter desistido no momento de tentar comprar uma participação acionária na Vale. Há menos de uma semana, o discurso do empresário era diferente. Ele chegou a revelar, em entrevista, que poderia voltar a negociar com o Bradesco e que também estaria de olho em um lote de ações da Previ, fundo de pensão do Banco do Brasil, na mineradora.

Na entrevista concedida na quinta-feira, por e-mail, o empresário aceitou responder a três perguntas e bateu na tecla que seu interesse na mineradora é meramente comercial, sem qualquer cunho político. Horas antes, havia divulgado nota na qual negava peremptoriamente estar negociando a compra de uma fatia acionária na mineradora Vale.

Segundo a nota, seu único movimento nessa direção foi uma sondagem informal ao Bradesco – instituição que faz parte do bloco de controle da mineradora junto com a Previ, BNDES, Mitsui -, que não prosperou. No domingo, ele admitia o interesse inclusive na participação excedente da Previ. É pequeno, mas, para sentar ali no conselho e direcionar, acho fantástico, disse, na época.

Para defender sua entrada no bloco de controle da companhia, o empresário adotou um discurso alinhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao falar sobre a timidez dos investimentos da Vale no País. Na época, Eike chegou inclusive a afirmar que gostaria de ter o presidente da Previ, Sérgio Rosa, no comando da mineradora, cargo hoje ocupado por Roger Agnelli.

retorno. O empresário chamou de mera coincidência o apetite do seu Grupo EBX pela fatia do Bradesco na Vale ter vindo à tona ao mesmo tempo que o governo intensificava às críticas a política de investimento adotada por Roger Agnelli. As pessoas esquecem que um investimento de bilhões, como o do caso presente, precisa se pagar. Sem perspectiva de retorno adequado não há justificativa para a realização de investimento.

A primeira ofensiva de Eike na direção da Vale foi feita em agosto, com sondagem ao Bradesco. O banco rejeitou a oferta, estimada pelo mercado (e nunca confirmada pelo empresário) em R$ 9 bilhões. Em seguida, teria direcionado suas baterias para a Previ, maior acionista da companhia e única com direito de veto no conselho de administração.

Na quinta, Eike admitiu ter conversado com outros acionistas da Vale durante o que chamou de sondagem informal ao Bradesco. O objetivo, porém, teria sido apenas conversar com os sócios, que teriam direito de preferência em uma eventual oferta pelas ações do banco no bloco de controle. Questionado essa semana sobre o assunto, Sérgio Rosa, da Previ, optou por fugir do tema. As ações da MMX, empresa de mineração do grupo de Eike, acabaram sofrendo com a notícia de que o empresário desistiu de brigar por uma fatia na Vale. Os papéis da companhia fecharam com queda de 2,8%, a maior registrada pelo índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa). Apesar da queda, o papel da MMX acumula ganho superior a 30% em outubro. No ano, a alta é de 363%, bem acima dos 77,6% contabilizados pelo Ibovespa desde janeiro.

interferência. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, negou na quinta-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva queira interferir na administração da Vale ou mudar os dirigentes da mineradora. Segundo Bernardo, o presidente tem conversado com diretores da Vale para pedir mais investimentos na cadeira produtiva do aço. Não vejo nenhum sinal de que o presidente tenha alguma intenção de inferir no dia a dia da Vale. O que eu acho que ele está falando, e é a posição do governo, é que nós temos que ter investimentos na produção aqui no Brasil, e isso todo mundo concorda, afirmou.

O ministro disse ainda que há muita paixão nas notícias que tem sido publicados sobre possíveis ingerências do presidente Lula na administração da mineradora. Essa coisa de ingerência, de mexer na administração da Vale e nos dirigentes, eu nunca vi o presidente Lula e nenhum de seus auxiliares falarem esse tipo de coisa, portanto eu ignoro, concluiu.

A concentração de atividades na exploração e comercialização do minério de ferro tem sustentado as ações da Vale na bolsa de valores apesar do acalorado debate sobre o futuro da empresa. É, porém, justamente o foco nesse negócio, de alto retorno, porém de baixo valor agregado, que tem levado a insistentes sugestões de que a Vale invista mais em siderurgia. O mercado de capitais avalia que uma mudança de estratégia ameaçaria futuramente a rentabilidade da segunda maior companhia da BM&FBovespa e a colocaria abrindo espaço para as mineradoras australianas BHP Billiton e Rio Tinto.