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Clippings - 16/05/11

Energia eólica recebe R$25 bilhões e vai produzir mais que Belo Monte

Investimentos vão do Nordeste ao RS. Estado do Rio tem projeto de R$600 milhões.

No momento em que são cada vez mais questionadas as construções de usinas hidrelétricas e nucleares, devido a seus impactos socioambientais e custos elevados, as fontes renováveis de energia, como eólica, biomassa e solar, começam a ganhar espaço no Brasil. Dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica), por exemplo, revelam que, até 2013, serão investidos no país R$25 bilhões em 141 projetos do setor, espalhados pelos estados de Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia e Rio Grande do Sul.

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, informou que, dentro de dois anos, o país produzirá 5.272 megawatts (MW) de energia eólica, um grande avanço se for considerado que, em 2005, o Brasil gerava apenas 29 MW.

O volume total de energia que será gerada a partir dos ventos — os novos projetos proporcionarão um incremento de 4.343 MW — é superior aos cerca de 4.500 MW previstos para a polêmica Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará. Além disso, chega perto do total a ser produzido pelas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia: 6.300 MW.

Estrangeiros investem em fontes renováveis no Brasil

Atualmente, a capacidade de geração de energia eólica no Brasil é de 928,9 MW. Segundo o presidente da EPE, estatal federal, as fontes renováveis de energia representam, hoje, aproximadamente 8% da eletricidade produzida no país. Em dez anos, devem chegar a 14%. Somente a CPFL Energias Renováveis está investindo R$5,8 bilhões no setor. Já a Renova Energia planeja aplicar R$1,2 bilhão em vários projetos, principalmente parques eólicos.

— A energia eólica vai reduzir a operação das usinas térmicas a gás natural que são acionadas de forma complementar às hidrelétricas — destacou Tolmasquim.

O presidente da Abeeólica, Ricardo Simões, disse que a energia produzida a partir dos ventos corresponde hoje a 0,7% do total de eletricidade do país, mas, em 2013, esse percentual passará para 4,3%. Segundo ele, diversos fabricantes estrangeiros de equipamentos começam a se instalar no Brasil, o que permitirá uma redução gradual dos custos do setor.

— É uma energia limpa, que não depende do petróleo. Por isso defendemos que o governo realize um leilão só para a oferta de projetos de energia eólica. A tendência é de os preços caírem cada vez mais — afirmou Simões

Norte Fluminense deverá ganhar parque eólico

Um dos maiores complexos eólicos em construção no país é o da Renova Energia na Bahia, que totalizará 457 MW. Em breve, o Estado do Rio também vai ganhar um grande projeto do setor, que será desenvolvido pela CPFL Energia, companhia que gera e distribui eletricidade em São Paulo.

O presidente da CPFL Energia, Wilson Ferreira Júnior, explicou que ainda está em negociação com o governo estadual sobre o local ideal para a instalação de uma parque de energia eólica com capacidade para gerar 150 MW. O investimento no Rio deverá girar em torno de R$600 milhões.

Fontes informaram que um dos locais estudados pela CPFL é o distrito de Gargaú, no município de São Francisco do Itabapoana, no Norte Fluminense. A empresa opera na região, desde 2009, um parque eólico com capacidade de 29 MW.

— Vamos executar esse projeto para apoiar os grandes eventos que o Rio vai receber nos próximos anos (Copa do Mundo e Olimpíadas), investiremos cerca de R$600 milhões — informou Ferreira.

Energia solar ainda tem custo elevado

A geração de energia nas usinas de biomassa também tem crescido nos últimos anos. Segundo a EPE, enquanto que, em 2005, a capacidade do setor era de 1.755 MW, em 2013, chegará a 8.900 MW.

Entre as fontes renováveis de energia, a que está mais atrás em termos de projetos no Brasil é a solar, por ainda ter um custo elevado — a tarifa média é de R$450 por MW/h, contra R$130 por MW/h da eólica e menos de R$100 MW/h da hidrelétrica.

Representantes das empresas que apostam em fontes renováveis de energia defendem que investir no setor é melhor que construir hidrelétricas. Eles argumentam que, além de grupos poderem desenvolver projetos sem a necessidade de formação de grandes consórcios, há uma previsão de forte crescimento mundial para o segmento nos próximos anos.

— Não tenho dúvidas de que as fontes renováveis de energia terão um papel muito importante, não serão apenas geradoras complementares. A energia nuclear vai ficar mais cara, a alta dos preços do petróleo deve continuar, as usinas térmicas a carvão têm graves problemas ambientais, e as hidrelétricas também começam a enfrentar forte oposição em vários países por causa de seus impactos à natureza — disse Ferreira.