Volume expressivo das exportações brasileiras de óleo cru poderá elevar ainda mais a importância e relevância do país no quadro geopolítico da indústria mundial do petróleo, segundo o Caderno de Abastecimento de Derivados de Petróleo

O Brasil deverá ampliar a sua condição de exportador líquido de petróleo nos próximos dez anos, alcançando 2,7 milhões de bpd em 2035, segundo o Caderno de Abastecimento de Derivados de Petróleo, parte integrante do Plano Decenal de Expansão de Energia 2035 (PDE 2035), divulgado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) na quinta-feira (27). Esse volume expressivo das exportações brasileiras de óleo cru poderá elevar ainda mais a importância e relevância do país no quadro geopolítico da indústria mundial do petróleo, segundo o caderno.
Neste contexto, o documento indica que a capacidade nacional de refino de petróleo será ampliada em 10% entre 2025 e 2035, em função da carteira de investimentos previstos em refino no Brasil, que contempla, especialmente, a conclusão do 2º trem da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), o Complexo de Energias Boaventura e projetos de ampliação de unidades de destilação e de hidrotratamento de diesel.
Apesar dos investimentos em refino, o Brasil permanecerá como importador líquido de derivados durante todo o horizonte, com destaque para as importações de óleo diesel e nafta. Pelas projeções, o país deverá alcançar patamares de importação de óleo diesel superiores às máximas históricas.
Por sua vez, a produção de óleo combustível permanecerá com excedentes durante o todo o período. Há redução do grau de dependência externa à nafta (de 59% para 29%) e ao QAV (de 18% para 4%), em função de investimentos em refinarias/biorrefinarias ou maior consumo de fração renovável (SAF), enquanto o balanço de GLP indica a possibilidade de superávit a partir do fim desta década.
O Brasil poderá se tornar autossuficiente em gasolina no médio prazo, em um contexto de demanda estagnada, dado o aumento do teor obrigatório de etanol anidro na mistura, a expectativa de crescimento da oferta de etanol hidratado e o aumento da eletrificação em veículos leves.
Há desafios adicionais para a operação das refinarias, com vistas ao atendimento às especificações de baixo teor de enxofre, na troca gradual da demanda de óleo diesel S500 por S10 e à descarbonização do setor.
Ainda que as projeções do PDE 2035 indiquem o aumento da oferta e da demanda de derivados no Brasil no horizonte decenal, vislumbram-se avanços em ações de descarbonização das refinarias nacionais, com impactos na oferta de derivados de petróleo.
Fonte: Revista Brasil Energia