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Clippings - 21/07/09

Estaleiro Ceará poderá faturar US$ 200 milhões

Até o mês que vem, a empresa Estaleiro Ceará deverá estar formalmente constituída para poder participar da licitação de oito embarcações da Transpetro, através do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef). A vitória no processo é essencial para que o empreendimento seja concretizado na ponta do Mucuripe, para onde está sendo projetado e, caso entre em operação, o estaleiro poderá ter um faturamento anual de até US$ 200 milhões, em plena atividade, segundo informa o gerente executivo do Promef, Arnaldo Arcadier.

De acordo com ele, a carteira de projetos de um estaleiro em atividade tem sempre um valor superior ao do custo de implantação do empreendimento. No caso dessa possível nova indústria naval cearense, os recursos previstos para a sua construção, envolvendo as obras de infra-estrutura no local, são de R$ 220 milhões.

O projeto está sendo encabeçado pela PJMR, um dos sócios do Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em construção em Pernambuco e que, quando terminado — o que deve ocorrer até o fim do ano —, será o maior do Hemisfério Sul. O envolvimento desta empresa, segundo acredita o gerente do Promef, já cria boas expectativas para o empreendimento cearense. ´A PJMR tem muita experiência na indústria naval, especialmente em barcos de apoio, de médio porte, que é exatamente a proposta do Estaleiro Ceará. E foi essa empresa que atraiu os outros investidores do projeto de Pernambuco´, aponta.

Entretanto, o apoio da Transpetro no Estaleiro Ceará e a participação da PJMR não garantem o sucesso do estaleiro cearense no processo licitatório, pois ganha quem oferecer o menor preço.

´Hoje, diferente de há cinco anos, a gente conhece o mercado e sabe quem interessa à Transpetro. Agora, já temos idéia de quem chamar para a licitação. A licitação vai ter muitos estaleiros concorrendo, não serão três ou quatro. O Estaleiro Ceará terá um trabalho grande para ganhar, e dar um preço mais baixo´, analisa.

Ainda desta forma, as expectativas são favoráveis ao mar do Mucuripe. Assim como o EAS, o projeto cearense entrará na licitação como um ´estaleiro virtual´, ou seja, constituído apenas formalmente, não fisicamente. Mesmo nessas condições, a EAS conseguiu vencer a licitação da Transpetro e hoje conta com a maior carteira de investimentos da subsidiária da Petrobras, com contrato firmado para 15 navios.

E, pelo menos com o gigante pernambucano, o estaleiro cearense não terá que se enfrentar. De acordo com o presidente do EAS, Angelo Bellelis, não há o interesse de participar dessa licitação. ´Dentro do nosso portfólio, que está voltado para embarcações de grande porte, estes navios não se encaixam. Pegar toda a nossa estrutura, nossa tecnologia, e colocar num navio pequeno não vale, não é lucrativo´, descartou. Ainda que não saísse vitorioso da licitação de agosto, o Estaleiro Ceará tem motivos para ser construído, segundo acredita o gerente do Promef. ´Se não tiver resultado positivo, tem tudo para continuar. Além da Transpetro, a Petrobras também precisa de três navios gaseiros. É claro que, se ganhando, é muito bom, porque já começa com contrato firmado, e junta a demanda com os recursos, que serão disponibilizados pelo Fundo de Marinha Mercante para a construção da indústria´, comenta. Arcadier destaca que, nesse processo de retomada da indústria naval brasileira, ainda haverá espaço para novas edições do Promef, que está em sua segunda etapa. A descoberta da nova província petroleira do pré-sal gera novas demandas ainda a serem solicitadas. O avanço da produção de etanol também abre espaço para a construção de novos navios, avalia.( Diário do Nordeste,CE )