A notícia de que a Petrobras estaria reivindicando redução de 65% para 37% no índice de nacionalização de peças em navios e plataformas – em razão de custos e também por temor de incapacidade de fornecimento de equipamentos – surpreendeu o presidente do Sindicato da Construção Naval (Sinaval), Ariovaldo Rocha. Ele diz não acreditar que isso seja verdade. Seria uma enorme contradição com a política industrial implantada por Lula com sucesso, disse Rocha.
Lembrou que, no ano 2000, os estaleiros mal tinham 10 mil pessoa empregados, e hoje estão com 78 mil. Garantiu que o índice de nacionalização é atingido sem traumas. Segundo ele, há 65% de nacionalização em barcos de apoio, 70% em navios e 72% em plataformas.
Segundo ele, a Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore (Abenav) acaba de ser criada unicamente para consolidar e ampliar esse alto índice de nacionalização, através do maior entendimento entre os estaleiros e os fornecedores. Lembrou que, anteriormente, no boom dos estaleiros de 1970/80, havia uma entidade destinada a estabelecer o diálogo com os fornecedores. Sobre os preços do aço no mercado interno, diz que realmente estão acima do esperado, mas ainda assim acredita em uma solução que inclua compra de aço no Brasil.
Informa Rocha que o total de encomendas em carteira dos estaleiros está em US$ 6 bilhões e deverá subir ainda mais, desde que as licitações de 28 navios-sonda sejam iniciadas antes do fim do ano – e do fim do atual governo. Lembrou que devem ser encomendadas a curto prazo duas plataformas de produção, três navios da Transpetro e 39 navios no sistema EBN – em que a Petrobras aluga antecipadamente e por longo prazo, navios que ainda serão contratados por privados junto a estaleiros. Entre os estaleiros que estão por se instalar, cita quatro grandes: Odebrecht, na Bahia; Eisa, em Alagoas; Promar, em Pernambuco; e STX, em Santa Catarina ou no Rio de Janeiro.