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Clippings - 18/06/09

Estaleiros querem peças nacionais

Sob o comando do vice-presidente executivo do Sindicato da Construção Naval (Sinaval), Franco Papini, foi realizada, no Rio, reunião com representantes da indústria de navipeças.

Estavam presentes o diretor executivo de petróleo, gás, bioenergia e petroquímica da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), Alberto Machado Neto e o diretor-tesoureiro da mesma entidade, Walter Lapietra; o gerente regional RJ/ES da entidade que representa o setor eletro-eletrônico (Abinee), Paulo Sérgio Galvão e o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Tubos e Acessórios de Metal (Abitam), José Adolfo Siqueira.

Em uníssono, os dirigentes de Abimaq, Abitam e Abinee elogiaram a iniciativa do Sinaval, mas concluíram que os projetos de navios, muitas vezes desenvolvidos no exterior, são feitos com especificações de interesse dos estrangeiros.

Paulo Sérgio Galvão, da Abinee, explicitou: O Brasil fará 146 barcos de apoio e nos interessa vender 146 geladeiras. No entanto, por questão de economia de escala, não podemos mudar o projeto das geladeiras já feitas no mercado interno, pois isso seria contra-producente. Ou seja: o ideal seria que as prescrições levassem em conta o que já é produzido internamente, para evitar que a indústria nacional desista de fornecer a estaleiros. Foi igualmente citado que as décadas em que os estaleiros ficaram praticamente parados afastou os supridores nacionais, o que, se espera, seja superado em breve. Outra afirmação foi a de que, em relação a petroleiros, a presença nacional pode ser mais efetiva, mas, no caso de barcos de apoio, os índices de importação são excessivos.

Papini afirmou que o índice de nacionalização exigido pelo Governo é de 65% do valor da obra e Lapietra, da Abimaq, ponderou que tão somente com aço e mão de obra atinge-se essa margem – embora as relações do setor naval com os produtores de aço não sejam das mais amistosas. Siqueira, da Abitam, destacou que a medição da nacionalização não pode ser feita com base em notas fiscais, pois há casos em que um distribuidor compra itens de vários países e revende ao estaleiro, emitindo nota fiscal sua, o que pode dar a entender que um produto importado seja nacional.

Galvão, da Abinee, afirmou ainda que, se, além de aço e mão de obra, forem incluídos tubos, pode-se dizer que um navio tem 95% de componentes nacionais, mas que o ideal seria que usasse válvulas, parafusos e tudo mais do Brasil, com exceção de itens de alta tecnologia, onde seria anti-econômico produzir poucas unidades para suprir o mercado interno. O ideal seria índice de 65% não em geral, mas por famílias de produtos.

– Estamos juntos. Na verdade, queremos 99% de nacionalização – afirmou Papini.

O Sinaval entregou à Abimaq, à Abinee e à Abitam relação pormenorizada de peças e materiais a serem usados nos 146 barcos de apoio e 49 petroleiros da Transpetro. O estudo de Papini destacou itens supridos internamente, itens de importação plena – como radares e motores acima de 650 HP – e produtos onde há potencial para suprimento nacional. Os dirigentes das entidades louvaram o esforço do Sinaval e destacaram que o objetivo do Governo federal ao dar estímulos e crédito aos estaleiros é o de gerar mais empregos no Brasil, o que só será conseguido com maior participação da indústria nacional de navipeças.

Galvão, da Abinee, frisou: No ano passado, exportamos US$ 10 bilhões. Isso mostra que temos qualidade para equipar os navios nacionais.

Siqueira, da Abitam, afirmou que, em um cálculo genérico, pode-se dizer que 15% de materiais nacionais nos navios previstos pelo Sinaval poderia significar a geração de 100 mil empregos diretos. Segundo Siqueira, o aço nacional é competitivo e o setor naval deveria procurar estreitar o diálogo com as usinas, pois conseguiria melhores preços e evitaria a importação desse produto da Ásia.
O Sinaval espera concluir a negociação com o setor de navipeças até 1º de julho.