Os rumos da nova empresa ainda estão sendo definidos. Por enquanto, não estão definidas possíveis vendas de ativos, investimentos, volumes de produção e como os acionistas vão ser remunerados.
Por Fernanda Nunes

O plano estratégico da empresa que nasce da junção da Enauta com a 3R Petroleum vai ser concluído e divulgado ao mercado em novembro deste ano. A consultoria Boston Consulting Group (BCG) foi contratada para auxiliar na definição das ações futuras, como compra e venda de ativos, sinergias, investimentos e modelo de retorno aos acionistas. Por enquanto, vale o nome 3R, que, no entanto, deve mudar em linha com a estratégia.
A nova 3R nasce com produção diária de cerca de 80 mil barris de óleo equivalente (boe), que deve crescer no curto prazo, com a entrada em operação do FPSO Atlanta, na Bacia de Santos, e com ganhos de eficiência. O compartilhamento de embarcações, por exemplo, vai auxiliar na redução de custos.
“É uma vantagem imediata. A integração dos ativos de embarcações otimiza o processo. E tem várias outras. Por exemplo, a perfuração de um único poço marítimo é muito cara. Quando o portfólio é maior, o custo é diluído”, afirmou o diretor de Operações Offshore da empresa, Carlos Mastrangelo.
Algumas sinergias entre os campos também já são vislumbradas. “Onde a 3R não tinha tanta escala, como em Papa-Terra e Peroá (Polo na Bacia do Espírito Santo), há grande sinergia operacional, comercial e de Capex com os ativos da Enauta”, disse Rodrigo Pizarro, diretor Financeiro.
Ele diz que os campos de Manati e Peroá, especialmente, têm infraestrutura muito semelhantes e, por isso, há a expectativa de compartilhamento de plataformas e embarcações.
Por enquanto, novas aquisições não estão no radar, mas a avaliação de oportunidades também não é descartada. Existe uma disponibilidade de caixa de US$ 1,8 bilhão, que pode ser direcionada a investimentos nos ativos existentes e em novos projetos, incluindo a compra ou associação com outras petrolíferas.
“No Brasil, o que vimos, a partir do desinvestimento da Petrobras, foi uma dispersão dos ativos, a criação de várias companhias e empresas com portfólios muito concentrados e pouco diversificados”, afirmou Oddone, complementando que, em sentindo contrário, em todo mundo, acontece um movimento de consolidação de empresas, inclusive entre as multinacionais.
Em sua opinião, faltava, no Brasil, uma empresa com um portfólio diversificado e equilibrado ao mesmo tempo. “Ficou óbvio para nós que a combinação das duas companhias criaria essa identidade, tanto que a discussão foi muito rápida. A gente propôs (a fusão) para a 3R no dia primeiro de abril (de 2024), conversamos por 45 dias e assinamos o protocolo em 17 de maio. Hoje estamos aqui conversando com vocês”, enfatizou Oddone.
Ontem, o conselho de administração da 3R se reuniu pela primeira vez e definiu, principalmente, a diretoria e o conselho. Décio Oddone, que, até então, estava à frente da Enauta, continua no cargo. O presidente do conselho de administração é Harley Scardoelli, que esteve à frente da área financeira da Gerdau por 14 anos.
A diretoria é composta também por Pedro Medeiros (Relações com Investidores) e Jorge Boeri (Produções Onshore).
Fonte: Revista Brasil Energia