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Clippings - 16/11/11

Estudo alerta para eólicas atrasadas e vê gás cada vez mais importante na matriz brasileira

Segundo o CBIE, um terço dos parques eólicos com outorga está oficialmente atrasado; órgão também vê caminho difícil para novas hidrelétricas.

A matriz elétrica do Brasil deve passar por uma transformação nos próximos anos, com um espaço cada vez maior para a geração por plantas a gás natural e um crescimento vertiginoso da participação dos parques eólicos. Enquanto isso, as hidrelétricas, que hoje dominam o cenário, terão uma grande redução no ritmo de implantação devido a uma campanha contra esse tipo de usina por parte de ONGs e das restrições e custos relacionados a aspectos ambientais. Essa é a conclusão do estudo Sistema Elétrico Brasileiro – Expansão Hidrotérmica, elaborado pelo Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

O documento, assinado pelos especialistas Adriano Pires e Abel Holtz afirma que, embora as usinas eólicas tenham apresentado resultados expressivos nos últimos leilões de energia, com baixos preços e grande contratação, cerca de um terço dos empreendimentos da fonte com outorga de concessão está com o cronograma oficialmente atrasado. De acordo com o estudo, que se debruça sobre dados de fiscalização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), são 1.676MW fora do prazo. Dessas, 680MW são de parques que participaram do primeiro leilão da fonte, em 2009.

Além disso, o texto aponta que 3.155MW em empreendimentos eólicos devem entrar em operação brevemente mas ainda não iniciaram obras. Desse total, mais da metade precisa passar a gerar ainda em 2011, enquanto outros 277MW tinham de ter começado a funcionar no ano passado. Também são enfatizados problemas no atraso das linhas de transmissão que vão conectar essas plantas ao sistema. Nesse ponto, é constatada tanto a demora do governo em promover leilões quanto na liberação de licenciamentos ambientais.

A questão do licenciamento também é vista como entrave para as hidrelétricas, que, inclusive, passaram a ser no modelo fio d´água, sem reservatórios, o que reduz a capacidade de armazenamento no sistema.Diante da crescente resistência da sociedade em relação às grandes hidrelétricas na Amazônia, caberá às térmicas firmar energia no SIN (Sistema Interligado Nacional) afirmam os especialistas, que prevêm uma acentuada mudança no sistema brasileiro, com a maior presença de térmicas para atender a demanda nos próximos anos.

Essa expectativa, inclusive, gera críticas ao Plano Decenal de Energia, que não prevê novas usinas a gás a partir de 2015. Um equívoco estratégico se observarmos a imensa perspectiva de produção de gás natural, decorrente da exploração das reservas do Pré-Sal.

O estudo coloca três cenários que podem servir como base para prever as premissas da expansão da matriz no País. Um deles, o provável, aponta para aposta nas fontes renováveis, com as usinas a gás usadas na ponta e na base. Outro, o conservador, enxerga maior dificuldade em obtenção de licenças para transmissão e, consequentemente, uma alta maior de fontes complementares, em detrimento das hidrelétricas. Eólicas, nucleares e biomassa seriam as que tomariam impulso. Já o último cenário, o agressivo, seria de falta de novas hídricas e aumento massivo da aposta em termelétricas, incluindo usinas a óleo e carvão.

Em todos cenários, a entrada de usinas térmicas a gás natural se mostrou fundamental para aumentar a confiabilidade do suprimento de energia, diz o papel. Para o CBIE, diante do crescimento de demanda previsto para os próximos anos, não é possível assegurar o suprimento sometne com a geração por meio de fontes renováveis. Com isso, essas plantas serão despachadas com mais regularidade, resultando em aumento de preços para o consumidor regulado.

Outro destaque é que, qualquer que seja o rumo da matriz, a energia eólica terá o maior crescimento entre as fontes, com expansão de ao menos 1.100% no cenário conservador.

Alertas

O CBIE conclui, ao final de sua análise, que é preciso elaborar um plano com mecanismos para a redução dos custos de energias renováveis como a biomassa, a eólica e a solar no País. Apesar disso, os especialistas defendem uma redução gradual dos benefícios concedidos aos parques eólicos à medida que a fonte alcance níveis de competitividade com usinas térmicas. Essas usinas demandariam ainda uma reestruturação nos modelos de planejamento da operação, que não estariam prontos para a entrada massiva da fonte no sistema, o que pode gerar ineficiência.

Outro pedido é pela realização de leilões específicos para cada fonte e de certames regionais e pela reavaliação da possibilidade de o País voltar a construir hidrelétricas com reservatórios. Mais alertas são feitos em relação aos leilões, quando o estudo lembra que, nos últimos certames de UHEs, os investidores receberam informações em cima da hora, o que reduziu as chances de análises e, consequentemente, a competição pelas concessões.

O papel do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também é questionado. O CBIE elogia a atuação do banco, mas destaca que novas fontes de financiamento precisam ser desenvolvidas, uma vez que o BNDES não será capaz, sozinho, de financiar todo o setor, devendo ser complementado por novos agentes.