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Clippings - 30/08/12

Exigências do BNDES para indústria eólica vão além do índice de nacionalização

Banco entende que alguns fornecedores atuam só como montadores no País, o que motivou ação de descredenciamento do Finame.

A auditoria do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) que resultou no descredencimento de fornecedores de equipamentos eólicos do Finame – lista de máquinas que pode ser financiada pela instituição – surpreendeu o setor elétrico brasileiro. Algumas das empresas punidas alegaram que cumpriam, sim, o índice de nacionalização mínimo exigido, de 60%. Na época, esse ponto foi colocado como a motivação para a ação do banco estatal. Mas, depois de um primeiro momento, a indústria vê que os pleitos do órgão de fomento iam além desse índice técnico.

A gente percebeu que o BNDES não busca só o índice, mas um grau de manufatura no Brasil, um parque fabril. Não é só ter um galpão que recebe peças e monta (as turbinas), explica Lauro Fiúza, diretor da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Segundo ele, isso tem ficado mais claros nas conversas que acontecem entre a entidade, as empresas e o banco.

Um dos pontos que estariam sendo colocados é a exigência de que algumas partes mais importantes, como o hub – que é como um nariz do aerogerador e liga a nacelle às pás – sejam fabricadas localmente. A nacelle, caixa que abriga o gerador, também precisaria ao menos ser montada aqui e com componentes locais.

Para Fiúza, as novas diretrizes e as evoluções do cenário deixam ver que quatro empresas podem voltar ao Finame rapidamente. A indiana Suzlon, a dinamarquesa Vestas, a alemí Siemens e a espanhola Acciona. O executivo ainda diz que duas empresas estão mais próximas de rever os planos e deixar o mercado brasileiro, mas não cita nomes.

Uma pessoa a par do assunto, que integra o Conselho da Abeeólica, afirma que a americana Clipper deu sinais de que não seguirá no País. Enquanto a alemí Fuhrlander pode ter dificuldades para voltar ao Finame no curto prazo devido às exigências feitas pelo BNDES. A Acciona, por outro lado, também teria uma longa lista de tarefas a cumprir, mas pode conseguir por ser uma empresa forte e agressiva.

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, defende que o que o BNDES fez está certo. Para o executivo do governo, mesmo que as empresas descadastradas não voltem, a indústria ainda tem capacidade instalada para atender o mercado e até exportar. Temos condições de estabelecer, como País, o que queremos dos fornecedores.

Condições ruins

Lauro Fiúza, que além de ser da Abeeólica preside a Servtec, que investe na energia dos ventos, conta que tem um projeto envolvido no impasse do Finame. Uma usina que vendeu energia em um leilão no ano passado e precisa ficar pronta em 2014. Mas o executivo diz que ainda há bastante tempo e que a fabricante, Suzlon, dá sinais de que voltará ao cadastro em 30 ou 60 dias.

O executivo também comenta que a solução proposta pelo BNDES – de financiar as usinas com máquinas que saíram do Finame, mas com taxas de juros diferenciadas – mostra o compromisso do banco com o setor. Mas não chega a ser uma boa alternativa para o investidor. Tem um impacto muito grande na taxa interna de retorno (TIR). E, como as margens já estavam muito apertadas.