O volume de gás natural encontrado em apenas uma área de 400 km2 no município de Morada Nova de Minas (região Central) na bacia do São Francisco, foi estimado entre 176,5 e 194,6 bilhões de metros cúbicos, o que já torna a exploração do combustível economicamente viável em Minas pelos próximos 25 anos.
A jazida pode ser responsável pela geração de R$ 5 bilhões. De acordo com o governador Antonio Anastasia, a descoberta poderá trazer a autossuficiência em gás natural e representa uma revolução econômica no Estado.
O anúncio foi feito ontem pelo governador juntamente com representantes do consórcio Cebasf, responsável pelo bloco SF-T-132, cuja área de 2.918 km2 inclui os 400 km2 onde o combustível foi encontrado. A sociedade é composta pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), com 49% de participação, a Orteng Equipamentos e Sistemas (30%), a Delp Engenharia (11%) e a Imetame (10%).
De acordo com o diretor da Orteng, Ricardo Vinhas, a produção somente na área já mapeada pode chegar a 8 milhões de metros cúbicos por dia, o que equivale aproximadamente a quase 30% dos 28 milhões de metros cúbicos de gás natural fornecido diariamente pela Bolívia por meio do Gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). O consumo no país chega a 60 milhões de m3/dia. A previsão é que a produção seja iniciada dentro de dois anos.
O volume também seria suficiente para manter uma usina termelétrica com capacidade para geração de 3 GW de energia. A construção de um empreendimento deste tipo é uma das opções consideradas pelo consórcio.
Anastasia: descoberta deve trazer autossuficiência em gás e representar revolução econômica no Estado
Termelétricas – Há a possibilidade de construção de termelétricas, já que transportar energia pode ser mais viável que transportar gás natural, mas a construção de um gasoduto também não pode ser descartada porque ainda é cedo para uma decisão deste tipo. Temos de avaliar o restante da área e os outros lotes para depois definir qual será a melhor estratégia para a comercialização, explica Vinhas, enfatizando que o prazo para declarar a comercialidade da empreitada à Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) termina em janeiro do próximo ano.
Conforme o diretor da Orteng, são grandes as chances de que sejam identificadas novas jazidas pelos próximos estudos, que serão realizados na área restante do bloco de 2.918 km2.
Começamos a prospecção onde achávamos que a probabilidade de encontrar um volume economicamente viável seria maior. Mas esperamos que no restante do bloco haja focos ainda não pesquisados, até pela própria característica do gás encontrado, que é mais homogêneo em uma bacia, argumenta.
O gás é do tipo não-convencional, tecnicamente chamado de tight gas. Isso significa que não há apenas um grande reservatório do combustível, mas sim vários reservatórios que têm de passar por um processo de fraturamento, em razão da porosidade do subsolo, para que haja o aumento da produção. Segundo Vinhas, a técnica é bastante utilizada, principalmente nos Estados Unidos, onde 70% do gás produzido é do tipo tight gas e o país domina a tecnologia necessária para realizar as intervenções.