No meio da selva, Petrobras explora petróleo e outros combustíveis
A Floresta Amazônica está entrando em ebulição, pelo menos no subsolo. Ontem o geólogo Márcio Mello anunciou a abertura da HRT Oil & Gas, subsidiária da consultoria HRT Petroleum, da qual é presidente, para explorar 21 blocos na Bacia do Solimões. Capturou US$ 275 milhões e pretende começar a produzir já no final próximo ano.
Com enormes reservas de petróleo e gás, a Floresta Amazônica serve hoje não somente como potencial de inovação e conservação ambiental, mas igualmente como um importante pólo para abastecer as regiões menos desenvolvidas do país, como o Norte e o Nordeste.
A exploração e a produção destes recursos naturais são fundamentais para fortalecer a economia local, com a criação de empregos e o aumento no poder de renda da população, além de ser um atrativo para outras indústrias que planejam se instalar na região.
Os avanços foram obtidos após décadas de pesquisas e tentativas de exploração na Amazônia, com o início em 1917, quando foi perfurado o primeiro poço, ainda sob o comando do Serviço Mineralógico do Brasil (SMB), órgão criado pelo governo federal em 1905 para localizar jazidas de carvão e outros combustíveis.
Mas, apenas em outubro de 1986, a Petrobras descobriu no rio Urucu, na Bacia do Solimões, no município de Coari (AM), petróleo em quantidade suficiente para comercializar.
A descoberta obrigou a estatal a construir a Base de Operações Geólogo Pedro de Moura na Província Petrolífera de Urucu, a 650 km a sudoeste de Manaus, onde o único acesso até hoje é feito apenas por barco ou avião.
Atualmente, a produção média de petróleo em Urucu pela Petrobras é de 55 mil barris por dia, enquanto a de gás natural está em 10 milhões de metros cúbicos por dia, um terço do volume importado pelo Brasil da Bolívia. Já o processamento do gás de cozinha (GLP), com 1,3 mil toneladas diárias, equivalente a 115 mil botijões de 13 kg.
O montante faz do Amazonas o segundo maior produtor nacional em barris de óleo equivalente, e o município de Coari o maior produtor terrestre.
O petróleo de Urucu é de alta qualidade, sendo o tipo mais leve entre os óleos processados nas refinarias do país. Essas características resultam em seu aproveitamento, sobretudo para a produção de gasolina, nafta, petroquímica, óleo diesel e GLP, afirma Luiz Ferradans, gerente geral da unidade.
Gasoduto Urucu-Manaus
O gasoduto Urucu-Manaus, que tem 660 km de extensão, está em fase de pré-operação e, segundo a estatal, deve entrar em funcionamento ainda em 2009. As obras estão com um ano de atraso e vão custar quase o dobro do que era previsto em 2006, quando começaram.
O orçamento saltou de R$ 2,4 bilhões para R$ 4,6 bilhões, um crescimento de 84%, de acordo com o comitê de representantes da Eletrobrás, Petrobras, Manaus Energia e Cigás (Companhia de Gás do Amazonas), responsável por avaliar o custo do transporte do gás natural.
O encarecimento se deve ao uso de tecnologias inéditas para o transporte de tubos, afirma a Petrobras. O aumento para a construção do gasoduto, por sua vez, elevou a tarifa de venda do gás natural.
Em 2006, quando a empresa assinou contratos com a Cigás e a Manaus Energia para o fornecimento do gás de Urucu, a tarifa de transporte prevista era de R$ 9,20 por MMBtu. Já em dezembro do ano passado, estava em R$ 13,11.