Os investimentos franceses no Brasil deverão aumentar em 2012, em relação ao ano passado, de acordo com previsão da Câmara de Comércio França- Brasil. Em reunião na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), nesta terça-feira, representantes de empresas francesas associadas à câmara ouviram do presidente Louis Bazire que a expectativa é de que a corrente de comércio bilateral ultrapasse os US$ 9,7 bilhões atingidos em 2011, de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
“O volume do comércio entre os dois países cresceu 16% no último ano. Além disso, os investimentos vão aumentar em relação ao ano passado,”, diz Bazire, sem dar estimativa em cifras. Segundo ele, atualmente existem 800 empresas francesas no Brasil. “Quem se instala no país dificilmente para de investir no meio do projeto. E a tendência é de aumento de procura de médias empresas. As grandes já se instalaram.”
De acordo com levantamento da câmara, das 477 solicitações de empresas procurando informações de investimentos no ano passado, 321 vieram de franceses querendo se instalar no Brasil. Na comparação com 2010, o maior aumento foi de brasileiros procurando informações sobre a França, que passou de 75 solicitações naquele ano para 156 em 2011.
Para o cônsul geral da França no Brasil, Sylvain Itté, no entanto, problemas como a burocracia, a falta de estrutura e a forma de tributação sobre a produção no país inibem os investimentos. “O governo brasileiro vem favorecendo o investimento estrangeiro nos últimos anos. O grande problema é a burocracia. Uma empresa demora entre um e dois anos até se instalar e começar a produzir”, afirmou.
A postura do governo é vista com bons olhos pelos franceses. Se na comparação com outros países emergentes o Brasil não possui ambiente tão atraente para os negócios, por outro lado a política governamental estimula a entrada de empresas, na visão de Louis Bazire. “Enquanto na China você monta uma empresa em um mês, aqui demora um ano. Mas lá, se não quiserem, você não entra. Aqui é um ano para todo mundo, não importa o setor. A dificuldade em entrar no Brasil não é em função de protecionismo, mas de estrutura.”
No ano passado, o Brasil registrou déficit de US$ 1,15 bilhão no comércio com a França. A distância entre o que o país compra e o que vende diminuiu um pouco, US$ 80 milhões, em relação a 2010. O começo deste ano mostra, no entanto, que a diferença pode ser ampliada. Somando janeiro e fevereiro, enquanto as exportações brasileiras ficaram em US$ 480 milhões, as importações somaram US$ 915 milhões, de acordo com o Mdic. Bazire, contudo, minimizou os dados. “Pelos cálculos do Banco Central francês, houve equilíbrio no ano passado, pois nós usamos uma conta diferente. E essa tendência de igualdade também vai se dar com os investimentos. Em 2050 o PIB brasileiro será substancialmente maior que o da França, o que deve levar a um equilíbrio maior na relação, com mais empresas brasileiras se instalando no território francês.”