O preço do frete é uma das preocupações de diversos setores após o presidente norte americano, Donald Trump, ter decidido impor uma tarifa de 50% ao Brasil, avaliam os advogados Gabriel Penna e Jeniffer Pires, do Kincaid.

“Se as tarifas forem de fato impostas, o valor do transporte global pode sofrer um impacto”, disse Pires, especialista em direito aduaneiro, ao Valor. “O preço do frete ficou muito caro depois da pandemia e houve ainda uma escassez de contêineres, que dificultou o contexto. Esse cenário pode voltar agora se as tarifas ficarem mesmo muito altas.”

Conforme Pires, sócia do Kincaid, a longevidade dos contratos pode ser um fator de proteção para impedir que os preços sofram um impacto de imediato, mas há incerteza de como a decisão de Trump vai se desdobrar até entrar em vigor, em 1° de agosto.

Pires reforça ainda a importância dos acordos comerciais entre os países neste momento, o que se torna uma forma de proteger o mercado e pode ajudar a encontrar novos destinos
para os produtos.

Para Gabriel Penna, também especializado na área aduaneira, por enquanto pode haver alguma realocação das exportações brasileiras, com um desestímulo para vender para os Estados Unidos. Para ele, a atenção neste momento se volta para as possíveis retaliações do Brasil.

“Talvez a retaliação brasileira é o que vá trazer mais impacto direto por enquanto. Isso vai afetar a mercadoria que entra no Brasil, com novos tributos.”

O possível repasse desses novos custos ao longo da cadeia é outro sinal de alerta levantado pelos especialistas. Segundo eles, essas tarifas podem se desdobrar em aumento da inflação no fim das contas.

Fonte: Valor Econômico