No exato momento em que o comércio global começa a ensaiar sua recuperação, o mercado de fretes poderá desabar porque a China está reduzindo as importações de matérias-primas e um número recorde de embarcações entrou no mercado.
Segundo analistas e gestores de fundos, o frete de grandes embarcações – que superam três vezes as dimensões da Estátua da Liberdade -, pode sofrer redução de 50%, levando ladeira abaixo os preços atuais de US$ 37.865 por dia para US$ 18.000 até o final de 2009.
As tarifas de fretes, que já foram reduzidas em 59% este ano, estão caindo ainda mais e a OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico) prevê decréscimo de 16% no comércio global.
De acordo com a Fearnley Consultants, na última semana, o Conselho de Estado da China resolveu frear a produção de aço e cimento. Um número recorde de 146 navios de grandes dimensões foi acrescido à frota e equivale a 28% do total desta.
A pressão dos novos barcos será avassaladora, afirmou Andréas Vergottis, diretor da companhia de análises de Hong Kong Tufton Oceanic, que gerencia o maior fundo de cobertura de armadores, com US$ 100 milhões ativo. A recuperação do setor levará muito tempo e muitas penalidades.
Os pedidos recordes de construção de novas embarcações, segundo Fairplay, poderiam prejudicar os benefícios das companhias de navegação ao mesmo tempo em que proporcionariam maiores retornos aos intermediários. As tarifas de navios de grande tonelagem têm flutuado mais de 50% em pelo menos sete dos últimos oito anos.
A queda das tarifas para tais embarcações é coerente com o índice Baltic Dry, um indicador de custo do transporte de matérias-primas como minério de ferro, carvão e grãos. O índice, que abrange quatro tipos de navios, incluindo os de grande tonelagem, tem subido mais que o triplo este ano.