O dinheiro poderá ser usado pela estatal para contratar quatro navios de cabotagem da classe Handy. A aprovação do financiamento vai ser publicada no Diário Oficial nos próximos dias.

O Conselho Diretor do Fundo da Marinha Mercante (FMM) aprovou, na última sexta-feira, financiamento de US$ 278 milhões (R$ 1,6 bilhão, com o dólar a R$ 6) para a Transpetro contratar a construção de quatro navios da classe Handy. Individualmente, são US$ 69,5 milhões por navio (R$ 417 milhões).
A aprovação vai ser publicada no Diário Oficial da União (DOU) nos próximos dias, mas não representa a liberação imediata do dinheiro. A escolha de acessar o financiamento é da estatal.
Controladora da Transpetro, a Petrobras teve aprovado, em março, o financiamento de R$ 8,5 bilhões para construir os FPSOs do projeto Sergipe Águas Profundas, SEAP I e II, mas, até hoje, não retirou o dinheiro.
Após uma tentativa fracassada de atrair afretadoras para construir as unidades, no primeiro semestre deste ano a empresa voltou ao mercado, dessa vez, propondo um novo modelo de contrato, o BOT, em que o afretador entrega o FPSO poucos anos após a conclusão da obra. A concorrência ainda está aberta e o FMM é apenas uma das opções consideradas pelos interessados.
A licitação dos quatro navios foi lançada pela Transpetro em julho deste ano. A fase atual é de negociação de preços. A única empresa a apresentar proposta foi a Ecovix, em parceria com a Mac Laren, que cobrou US$ 1,8 bilhão pelas obras, 15% do financiamento aprovado pelo FMM. O valor final, no entanto, só deve ser definido após a conclusão das conversas entre a estatal e as fornecedoras.
Em geral, o FMM pode financiar até 90% de um projeto, dependendo do percentual de conteúdo local adotado, também determinante na definição do prazo de pagamento e taxa de juros.
Futuro
Os quatro navios da classe Handy fazem parte de um pacote de contratações de 25 embarcações de cabotagem pela Transpetro que acontecerão ao longo dos próximos anos, com intervalos de seis meses entre cada edital. Essa é a primeira concorrência lançada e serviu como experimento do que vem pela frente, segundo fontes do setor.
Os principais estaleiros do Brasil e também fornecedores estrangeiros chegaram a avaliar o negócio, mas acabaram desistindo, receosos com a capacidade de atender os requisitos financeiros exigidos pela Transpetro.
Muitas parcerias ainda estão sendo arranjadas e a expectativa é de que o quesito conteúdo local acabe forçando investidores internacionais a virem para o Brasil, em alguns casos, aproveitando estruturas que já mantêm no país.
Fonte: Revista Brasil Energia