O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou que, se fosse o governo, gostaria de ter mais de 50% da empresa, porque é um bom investimento. Se eles (o governo) puderem ter mais de 50%, terão. No entanto, disse Gabrielli a investidores em Londres, isso não significa que o governo é contra os acionistas, tanto que está ampliando a fatia de capital do Banco do Brasil (BB) destinada a investidores estrangeiros.
A participação do governo na companhia foi uma das questões levantadas na apresentação feita em Londres. O executivo não acredita que o governo forçará uma avaliação mais elevada das reservas de petróleo, porque isso faria os papéis da companhia entrarem em colapso, destruindo valor para a própria União.
Gabrielli avalia que o aumento de capital da Petrobras é uma operação normal, mas o valor que é pouco usual, admitiu. Ele reafirmou que deve haver diluição da atual base de acionistas, porque nem todos conseguirão subscrever os papéis. A capacidade financeira do mercado não é suficiente para acompanhar (o aumento de capital), afirmou. Para o presidente da Petrobras, mesmo os minoritários que não seguirem a operação serão beneficiados, porque a empresa se fortalecerá.
De acordo com o executivo, o processo de capitalização da empresa deve estar totalmente finalizado no primeiro semestre de 2010. Ele lembrou que o prazo, no entanto, depende da tramitação do projeto de lei no Congresso. Para o presidente da Petrobras, a aprovação da proposta, que cede onerosamente 5 bilhões de barris de reservas da União para a estatal, deve ocorrer entre março e abril do próximo ano. Quinta-feira foi o último dia para a apresentação de emendas na Câmara.
Sua previsão é que a avaliação das reservas que fazem parte do processo aconteça no primeiro trimestre de 2010. No momento, a discussão está centrada na localização da área de onde virão os 5 bilhões de barris. O governo está nos oferecendo uma oportunidade que nenhuma grande companhia de petróleo pode perder (a compra das reservas), disse a investidores em Londres. Duvido que qualquer outra empresa recusaria.
INVESTIMENTO. Gabrielli afirmou também que o valor dos investimentos da empresa para os próximos cinco anos deve subir em razão do aumento dos custos dos equipamentos. A cifra, atualmente de US$ 174 bilhões até 2013, é revisada no início de cada ano.
Segundo ele, os desembolsos da companhia serão maiores do que o previsto devido à inflação no setor. Ao contrário de outras áreas, a crise não afetou a produção de equipamentos específicos para a exploração de petróleo, abrindo espaço para a elevação de preços.