Os governadores nordestinos anunciaram ontem, em Fortaleza, um megainvestimento de US$ 21 bilhões (R$ 38 bilhões) para melhorar a infraestrutura da região. Os recursos dariam para instalar mais três refinarias no complexo industrial de Suape. Este presentão natalino vai exigir muito jogo de cintura político dos governadores.
E muita paciência nas negociações com o Banco Mundial (Bird) e Banco Interamericano de Desenvolvimento (BIB). As duas instituições financeiras que ajudam o terceiro mundo, além de exigentes, não admitem equívocos e descumprimento de metas. Os projetos precisam estar bem fundamentados para receber os dólares.
O Plano de Investimento do Nordeste (Plane) terá também o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), governo Lula e dos próprios estados. O plano deverá deslanchar nos próximos cinco anos. Secretários estaduais aprofundarão as negociações e o detalhamento das estratégias na próxima terça-feira, na reunião que terão, em Brasília, com representantes dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento.
O governador Eduardo Campos disse que os recursos serão priorizados para obras de logística, saneamento e energia que beneficiem vários estados ao mesmo tempo. Segundo ele, além do benefício direto do aporte deste dinheiro na região, vamos estar nos preparando para atrair ainda mais investimentos.
Pré-sal – O IX Fórum dos Governadores do Nordeste tratou de outra questão polêmica: a partilha dos royalties do pré-sal (São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santos não abrem mão destes recursos. Não querem dividí-los com todos os estados). Os governadores conversarão com o relator do projeto do pré-sal, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Alves (RN). Eles entregarão uma moção de apoio ao parecer de Alves, que prevê um novo modelo de exploração e produção de petróleo, gás e derivados. O encontro será na próxima terça-feira, em Brasília. No mesmo dia, eles também conversarão com o presidente da Câmara Michel Temer.
Ele prevê que a exploração das reservas do pré-sal deve resultar em R$ 65 bilhões em royalties. Eduardo alertou que pelo novo modelo de distribuição, 44% ficariam para os estados não produtores, enquanto na proposta atual apenas 3,75% ficariam para estas unidades da federação. É preciso haver equidade nesta distribuição, insistiu.