Antes tarde do que nunca. Depois de anos de abandono, o Governo do Paraná vai reestruturar o Porto de Antonina, cuja movimentação de cargas sofreu forte queda, deixou os trabalhadores sem serviço e foi tema de reportagens do PortoGente ao longo deste ano. Por meio de sua assessoria de imprensa, o superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Daniel Lúcio de Souza, explicou o que pretende fazer para reativar o Terminal do Barão de Teffé e não descartou rescindir o contrato com os controladores do Terminal da Ponta do Félix.
* Antonina perde 83% de cargas no início de 2009
* Filé queimado no prato do portuário de Antonina
* Appa quer mudar controladores na Ponta do Félix
* Para sindicalista, gurizada tem que cobrar mesmo
“Na Ponta do Félix, precisamos resolver a situação de vez. Antonina está sofrendo, a comunidade também e a Appa quer ver aquele terminal eficiente. Aguardamos essas definições de negociações de compra de ações e de compromissos dos novos acionistas. Todavia, se essas negociações se frustrarem, nós não titubearemos. Nós simplesmente rescindiremos o contrato no mesmo momento em que interviremos. Aquele terminal não irá parar. Estamos em um momento decisivo da história do Porto de Antonina, que é ou a adequação ou a intervenção”.
O impasse que envolve os Terminais Portuários da Ponta do Félix (TPPF) começou em 2008, quando o governo estadual revogou a autorização que os empresários possuíam para movimentação de outros tipos de mercadorias além das cargas congeladas, objeto inicial da licitação, feita em 1994. A decisão acentuou a queda no volume de cargas e os controladores do TPPF e a Appa estão longe de chegar a um acordo. E quem paga o pato é a população de Antonina. Com menos cargas, o dinheiro em circulação é menor e o serviço rareia para os trabalhadores portuários.
“Nos anos 90, as exportações de carnes eram realizadas num sistema paletizado. Mas, hoje, elas são transportadas em contêineres refrigerados e o TPPF não se adequou a essa mudança. Não tem equipamento para carregar os navios, não tem portêineres, transtêineres, nem guindastes MHC. Há 11 anos esses arrendatários não cumprem as metas de cargas frigorificadas e movimentaram bobinas de aço, fertilizantes, madeira e bobinas de papel. Hoje, nos deparamos com uma situação em que precisamos definir uma nova configuração desse arrendamento”.
O superintendente quer que os sócios dos Terminais Portuários da Ponta do Félix decidam se ficarão ou não na empresa, pois, segundo ele, alguns cotistas querem se retirar do empreendimento. Daniel Lúcio de Souza afirma que o desentendimento entre os próprios sócios leva o TPPF a uma situação cada vez maior de inviabilidade operacional. Ele diz que, há 30 dias, autorizou a dragagem de compensação em Antonina. Porém, até agora, o TPPF não iniciou a obra, para irritação do comandante da Appa.
“Nós temos colaborado para que todos os obstáculos do terminal sejam superados. Mas não estamos percebendo, por parte da arrendatária, a velocidade na solução dos problemas. O objeto é a exportação de produtos frigorificados. É apenas este. Chegamos a um ponto em que, de cerca de 1 milhão de toneladas movimentadas em Antonina, apenas 200 mil eram cargas congeladas, o que demonstra que 80% estavam totalmente fora do contrato. O erro do passado não pode ser continuado. O interesse do arrendatário não será maior que o interesse econômico e social”.
Barão de Teffé
Para quem não sabe, o Porto de Antonina é composto por dois terminais: Ponta do Félix e Barão de Teffé. E este segundo terminal está parado. Daniel Lúcio de Souza garante ter encontrado a solução. “Estamos desenvolvendo um novo projeto para converter a área do Barão de Teffé em condomínio industrial de apoio marítimo. Assim, Antonina seria o representante do Paraná na exploração do petróleo do pré-sal, uma base de embarcações que irá ajudar as plataformas. Poderemos neste condomínio fazer reparos navais também”.