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Clippings - 25/07/11

Grupo espanhol Gestamp planeja investir R$ 1,5 bi em energia no país

Companhia amplia nacionalização de componentes e prevê queo Brasil se torne seu maior mercado na área ainda neste ano.

Até o final deste ano, o Brasil se tornará o principal mercado para a divisão de energias renováveis da Gestamp, superando a Espanha, país de origem do grupo, e os Estados Unidos. Até agora, a companhia já investiu R$ 770 milhões em parques eólicos no Brasil e R$ 100 milhões em uma fábrica de torres eólicas em Pernambuco. O resultado do aporte são 25 megawatts (MW) operativos – suficientes para atender 160 mil habitantes – e 167MWadicionais que serão entregues entre novembro de 2011 e março de 2012.

Com presença em mais de 10 mercados, a Gestamp quer mais espaço no Brasil. Em visita ao país, o CEO da Gestamp Renováveis, Dionisio Fernández Auray, revela que a companhia irá participar do leilão A-3, em agosto, com 11 projetos que somam 260 MW. Se aprovados, os empreendimentos irão resultar em um investimento de aproximadamente R$ 780 milhões. O objetivo é agregar, além desses 260 MW já previstos, mais 100 MW ao ano na matriz brasileira durante os próximos cinco anos.

O esforço para implantar esse volume exigirá um novo aporte de cerca de R$ 1,5 bilhão. O financiamento já está sendo negociadojunto ao BancoNacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Nordeste e agentes privados do Brasil e da Espanha. O Brasil é o mercado mais estratégico para a Gestamp hoje, afirma Auray.

Os novos projetos em geração da Gestamp estão concentrados na Bahia e no Rio Grande do Norte, mas a empresa já arrendou terras em Minas Gerais onde já iniciou a medição dos ventos em alguns locais. Além da ampliar o volume de geração, a Gestamp está iniciando a construção de uma nova fábrica no país. Desta vez os componentes que serão nacionalizados são as flanges, espécie de anel que faz a ligação entre as partes da torre eólica. Oinvestimento na nova fábrica será de R$ 70 milhões. A terraplanagem em uma área de 120 mil metros quadrados já foi iniciada e a previsão é a de que a indústria entre em operação em julho de 2012, quando irá empregar cerca de 70 pessoas.

Finalizado, o empreendimento irá abastecer a fábrica da Gestamp que hoje conta com 410 colaboradores e produz, em média, nove torres por semana. O principal cliente da fábrica atualmente é a GE que encomendou 271 torres. Além de atender a produção da própria companhia, a fabricação das flanges também poderá ser destinada a empresas do mercado de óleo e gás. Inaugurada em 2010, a fábrica de torres da Gestamp no Brasil garantiu um faturamento de R$ 55 milhões no ano.

Em 2012, a companhia tem previsão de abrir fábricas dos Estados Unidos e Índia, passando a contar com uma capacidade produtiva de 2 mil torres eólicas por ano. AGestamp Renováveis faz parte da holding Gestamp que em 2010 faturou R$ 5 bilhões em todo o mundo. A divisão tem ainda investimentos em biomassa e energia solar, área na qual aguarda uma regulação no Brasil para poder investir no país. Além da divisão de fontes alternativas. o grupo conta com a Gestamp Automação e a indústria Gonvarri, fabricante e fornecedor especializado de produtos transformados de aço. *viajou a convite da empresa

Brasil tem preço melhor em eólica
Valor do megawatt por hora produzido no país é de US$ 74,6, contra US$ 75,7 da Índia

O Brasil está se tornando um concorrente cada vez mais forte no segmento de geração de energia eólica. O modelo de leilão se consolidou e tornou o preço da energia bastante competitivo. Tomando como base o último certame, realizado em dezembro de 2010, o valor do megawatt por hora produzido no Brasil (US$ 74,6) é mais barato que o de mercados como a Espanha (US$ 168), África do Sul (US$ 164), Canadá (US$ 121) e Índia (US$ 75,7), segundo dados da Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA, na sigla em inglês). Estudos de medição dos ventos mais recentes também comprovam a competitividade brasileira no quesito fator de capacidade. Enquanto na Espanha os índices médios são da ordem de 20%, no país, esses números chegam a 40%.

De acordo com o presidente da Eólica Tecnologia, Everaldo Alencar Feitosa, esses fatores aliados à redução dos custos de produção com a chegada dos fabricantes de turbinas no país deve elevar expressivamente a posição do Brasil entre os produtores mundiais de energia eólica. O Brasil deve agregar 2 mil MWpor ano até 2015 e com isso sair da 21ª posição entre os produtores mundiais para a 8ª posição neste mesmo ano, afirma Feitosa, PhD em energia. Ele acrescenta que com o mercado europeu estagnado o Brasil deve ultrapassar países como a França e o Reino Unido.

A perspectiva da Gestamp para o Brasil, que prevê a consolidação dopaíscomoseu principalmercado em energia eólica até o final de 2011, ilustracomohoje se configura o segmento de geração eólica. Com mercados maduros que já caminham para estagnação surgem novas potências onde o Brasil aparece com destaque. Para o CEO da Gestamp Renováveis, Dionisio Fernández Auray, os investimentos de empresas de geração de energia por fontes alternativas não é resultado apenas da crise financeira e, sim da competitividade dos projetos no Brasil. Mesmo porque na Europa tem mercados que continuam em expansão como a Romênia e Polônia, além da Turquia, diz Auray. Apesar da visão otimista, o executivo alerta para o fato de que o preço dos aerogeradores no Brasil está sendo depreciado.

Ele afirma que o mercado americano está se recuperando e hoje está se tornando mais fácil financiar os empreendimentos. Para ele, dentro de dois a três anos a Europa também deve retomar alguns projetos e o preço dos aerogeradores, que desde 2007 já recuou cerca de 20%, deve voltar a subir. Com esse cenário, empresas que hoje estão avançando sobre o Brasil podem optar por vender para outros mercados que irão se reativar, avalia Auray. O custo da turbina equivale a 30% do aerogerador. O valor médio de uma máquina de 1,5 MW é de R$ 5 milhões.