O vice-presidente da companhia de navegação alemí Hamburg-Süd, Joachim Konrad, defende a construção de mais terminais de contêineres no Porto de Santos, a fim de ampliar a capacidade do complexo marítimo para esse tipo de operação. Segundo o executivo, o cais santista deve estar preparado para a retomada do crescimento do comércio internacional, que deve começar a se recuperar no próximo ano.
Konrad propôs a criação de novas instalações em Santos em reunião com empresários e autoridades do Porto, no escritório central da HamburgSüd, em Hamburgo, na Alemanha, na manhí de ontem. O grupo brasileiro se encontrou com dirigentes da empresa, uma das principais armadoras em atuação na América do Sul, durante visita técnica à cidade germânica.
A viagem internacional complementa a programação do Santos Export 2009 ¬ Fórum Nacional para Expansão do Porto de Santos. Ocorrido nos últimos dias 25 e 26, o seminário foi uma iniciativa do Sistema A Tribuna de Comunicação e uma realização da Una Marketing de Eventos.
Em sua apresentação, Konrad explicou que, até o começo do ano passado, antes do início do perãodo de recessão mundial, os principais portos do mundo estavam à beira de um colapso, atendendo com dificuldades a crescente demanda de cargas.
Em 2008, os congestionamentos nos complexos marítimos e a demora para atracar levaram os navios da Hamburg-Süd a cancelarem 241 das 2.468 escalas que estavam programadas. O tempo total perdido com a espera de um berço livre chegou a 20.697 horas.
A crise veio no momento ideal para os portos. Agora, eles devem aproveitar o perãodo de baixo movimento e melhorar sua infraestrutura, comentou o executivo.
Citando estudos do Fundo Monetário Internacional (FMI), o vice-presidente destacou que, este ano, o transporte marítimo de contêineres no mundo terá uma redução de 8,3%, consequência da queda do comércio internacional. Mas em 2010, deverá apresentar um crescimento de 2,3%, conseguindo retomar o nível de 2008 até 2011. Em seguida, poderá registrar aumentos anuais entre 7% e 10%.
Para o representante da Hamburg-Süd, Santos e os demais portos devem começar a preparar a expansão de suas instalações agora, uma vez que, entre a idealização de um terminal e o início de suas atividades, são necessários aproximadamente cinco anos. Portanto, um projeto elaborado em 2009 só dará resultado em 2014.
O Brasil será um dos primeiros países a sair da crise. O comércio internacional retomará seu crescimento. Então, esta é a hora de Santos se preparar para essa futura demanda, disse Joachim Konrad. No pós-crise, o complexo santista deve ter mais berços e capacidade para receber navios capazes de transportar até 7 mil TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés), segundo avaliação do executivo.
Principal porto do Brasil, Santos movimentou 2,675 milhões de TEUs no ano passado. Neste ano, deverá chegar a 2,7 milhões de TEUs, aproximando-se de sua capacidade operacional, calculada pela Codesp, a autoridade portuária santista, em 3 milhões de TEUs anuais.
CRÍTICA
Em sua apresentação à delegação do Santos Export, o vice-presidente da Hamburg-Süd destacou a importância do Porto de Santos para as atividades da empresa na costa leste da América do Sul, mas criticou o custo de seus serviços, considerados altos, especialmente nas operações de transbordo de contêineres.
A resposta ao comentário de Konrad veio minutos depois, durante a apresentação dos projetos de desenvolvimento do Porto de Santos, pelo presidente da Codesp, José Roberto Serra.
Após destacar os terminais em construção no complexo portuário (Brasil Terminal Portuário e Embraport) e os planos de novas instalações (Prainha, Conceiçãozinha e Barnabé-Bagres), o presidente da Companhia Docas afirmou que sabemos que temos um longo caminho a percorrer. Mas temos de reconhecer que investimentos foram feitos. O Porto se modernizou, mudou. E os terminais de contêineres, hoje, oferecem um serviço de qualidade a armadores e usuários.
Programação
Hoje, a comitiva do Santos Export deixa Hamburgo, na Alemanha, e segue para Copenhagen, na Dinamarca, onde deve chegar à tarde. A partir de amanhí, estão previstas visitas ao porto dinamarquês, à sede da autoridade portuária e às instalações da companhia de navegação Maersk, líder mundial no transporte marítimo de contêineres.