A instalação da Força Tarefa Intermodal no sistema de transporte hidroviário representa um passo decisivo para viabilizar o crescimento econômico acelerado e sustentado do Rio Grande do Sul nos próximos anos. Ocorre que os grupos de trabalho especializados (inicialmente nas áreas de portos, contêineres e granéis) desenvolverão os projetos que colocarão o sistema hidroportuário do Estado, a médio e longo prazos, nos padrões qualitativos semelhantes ao primeiro mundo. E com isso, finalmente, a economia gaúcha poderá contar com um modal de transporte crucial que, integrado ao sistema rodoviário, por exemplo, poderá possibilitar o transporte de mercadorias em tempo, segurança e custos vantajosos.

É importante registrar que em janeiro de 2007 o sistema hidroportuário gaúcho estava reduzido a simples coadjuvante no transporte estadual. De fato, nada menos de 85% das 65 milhões de toneladas de mercadorias transportadas no Estado eram embarcadas em caminhões, enquanto menos de 5% utilizavam as embarcações que cruzam o sistema fluvial gaúcho. Ora, como o transporte hidroviário apresenta enormes vantagens sobre os outros modais para o transporte de determinadas mercadorias, sua virtual inexistência constitui um dos elementos de encarecimento da logística das empresas, a redução da competitividade e, por consequência, a diminuição dos índices de crescimento.

Desde 2007, com a decisão de promover a retomada do crescimento acelerado regional, através do ajuste fiscal, o governo estadual vem trabalhando para remover este obstáculo e reduzir o custo logístico, dos atuais 18% do PIB, para a média nacional de 12,5%, na primeira etapa, e, em seguida, para próximo dos índices ostentados pelos países do Primeiro Mundo, de 7% a 8% do PIB.

Para a concretização desse objetivo, já estão em andamento vários projetos importantes de melhorias nos portos e nos rios. Mas isso não é suficiente. É preciso realizar um trabalho que assegure avanços significativos no longo prazo, elevando a participação das hidrovias para 15% do sistema de transporte, nos próximos 10 anos. Com a previsão de transporte de mais de 150 milhões de toneladas em 2015, isso representaria o transporte de mais de 20 milhões de toneladas em barcos pelas hidrovias gaúchas.

Para alcançar esses ambiciosos objetivos, o governo estadual conseguiu estabelecer uma interessante parceria com a Holanda, pois, como se sabe, os holandeses dispõem dos mais avançados conhecimentos em questões ligadas ao transporte fluvial e operação dos portos. Os técnicos holandeses já estiveram várias vezes no Rio Grande do Sul colhendo as informações sobre o sistema local e nesta semana apresentaram as ideias básicas que orientarão os trabalhos a serem coordenados pela Força Tarefa Intermodal. Os primeiros resultados serão obtidos em trabalhos que os grupos desenvolverão relativos aos portos do interior e de Porto Alegre, na movimentação de contêineres beneficiando as cadeias produtivas coureiro/calçadista, fumo, frango e carne, e na área de granéis visando aos setores do arroz, soja, produtos químicos e fertilizantes.

Na prática, acima de tudo, o que o Rio Grande ganhará com a modernização do seu sistema hidroportuário será a abertura de milhares de novos postos de trabalho e maior qualidade de vida das pessoas e a integração de todos os setores envolvidos no transporte de cargas do nosso Estado. (Jornal Agora – Rio Grande,RS)