Por todos os lados, só se fala em expansão dos estaleiros – o que é verdade. Mas os desafios partem de diversos lados. Um deles é a valorização do real, que tira competitividade aos produtos brasileiros – do navio ao parafuso. Outro problema se dá com as garantias, pois o Fundo Garantidor da Construção Naval já existe, mas carece de regulamentação. Há um problema positivo, que é a falta de mão de obra, mas solucionável, com algum gastos.
Um problema específico, no entanto, está tirando o sono dos dirigentes do setor, nos últimos dias. Ao contratar obras de plataformas – em geral, todas acima de R$ 1 bilhão – foi incluído no edital que, além da aprovação do órgão ambiental estadual, seria necessária aprovação do federal Ibama. Não se sabe se a medida visa a agradar os verdes de Marina Silva, mas até um deputado da base do governo, Aldo Rebelo, já declarou que o Ibama está cheio de gente vinculada a Organizações Não-Governamentais (ONGs) – e boa parte é de extremistas ambientais, que procrastinam qualquer decisão porque não querem aprovar obra alguma, com base em um conceito confuso de defesa do ambiente. Afinal, a montagem de plataforma representa alteração no ambiente, embora gere riqueza e crie empregos. Há dias, comentou-se que os governos do Rio e do Espírito Santo poderiam ir à justiça contra a nova norma, por considerar suficiente o atestados dos órgãos estaduais de ambiente.
O deputado federal Luiz Sérgio (PT-RJ) garante que falou com a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira e que o assunto seria resolvido, mas até agora não houve qualquer decisão por escrito sobre a questão. Os estaleiros permanecem preocupados, especialmente o Brasfels, que está prestes a assinar contratos para duas plataformas.
Transpetro suaviza nomes
A Transpetro está brilhando, na era Lula. Na gestão do PSDB, o governo não encomendou sequer um navio no Brasil e trouxe dois do exterior, embora com nomes populares – Cartola e Ataulo Alves. Com Lula, a Transpetro encomendou 49 navios, dos quais 46 com contrato assinado.
O que se comenta, com bom humor, na beira da praia, é que os nomes dos navios da estatal estão sendo suavizados. O primeiro, foi excessivamente duro: João Cândido. Trata-se de um suboficial, que não é apreciado pela Marinha, por ter liderado a revolta da Chibata e que muitos chamam de almirante negro. A denominação dada ao navio foi uma espécie de provocação à força armada. O segundo nome também está ligado à esquerda, mas de modo mais suave: trata-se de Celso Furtado, o economista que é reconhecido pelo meio acadêmico brasileiro e internacional. O terceiro, também ligado à esquerda, mas igualmente não provoca antagonismos: Sergio Buarque de Hollanda. Trata-se do historiador, pai do compositor Chico Buarque. Como se recorda, Chico apareceu ao lado de Dilma e Lula em momento tenso da campanha eleitoral.
O primeiro navio foi lançado dia 7 de maio, no Atlântico Sul, em Pernambuco. Os demais são do Estaleiro Mauá, de Niterói (RJ), sendo que um foi lançado dia 24 de junho e o outro vai ao mar dia 19.
Os estaleiros fluminenses ficaram com 16 navios do Programa da Transpetro (Promef), que devem gerar 10 mil empregos diretos e 40 mil indiretos. Uma nota da Transpetro comenta: Graças ao Promef, um dos principais projetos estruturantes do Programa de Aceleração do Crescimento(PAC), os estaleiros nacionais se modernizaram e novas unidades de produção, como o Atlântico Sul, surgiram no país. Após 13 anos sem lançar um único navio de grande porte, o ano de 2010 marca o renascimento do setor, com demanda crescente e novos investimentos.