O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) vetou a construção do terceiro maior estaleiro do mundo, o Eisa S.A, na cidade de Coruripe, no litoral sul de Alagoas, por entender que o empreendimento – de R$ 1,5 bilhão – pode contaminar o solo e a água na região, além de causar problemas respiratórios, comprometer espécies de animais – como as tartarugas marinhas.
A área escolhida implica na supressão de praticamente toda a praia situada entre a foz do rio Coruripe e o Pontal do Coruripe, diz o relatório, de 99 páginas, assinado por oito analistas ambientais do instituto.
A área proposta para implantação do empreendimento demanda supressão de 74,43 ha de vegetação de mangue em bom estado de conservação contidos na porção mais contínua do manguezal de Coruripe. A supressão dessa parcela do manguezal da margem esquerda do Rio Coruripe provocaria desestruturação do equilíbrio existente entre os ecossistemas recifais, estuarinos e praiais, resultando em impactos de difícil mensuração, mitigação e valoração, além do comprometimento dos serviços ambientais providos por esse ecossistema, explica o documento.
Seria um investimento de quase R$ 2 bilhões, o maior na história de Alagoas. Calculamos em 50 mil empregos diretos e indiretos a serem gerados pelo empreendimento, que iria mudar o perfil da economia alagoana, disse o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Econômico, Luiz Otávio Gomes, estranhando a decisão do Ibama.
Ele diz que um estaleiro construído em Pernambuco destriu 1.260 hectares de mangue e não houve qualquer veto do Ibama ao empreendimento. O Eisa, em Alagoas, destroi 70 hectares, com reposição da área. Ainda de acordo com ele, em Pernambuco, o estaleiro foi liberado com autorização do órgão ambiental pertencente ao Estado. Diferente de Alagoas.
Aqui, o IMA [Instituto do Meio Ambiente] até concedeu a licença prévia, mas a Justiça Federal impediu que ela tivesse validade. A argumentação foi de que a competência seria exclusiva da União, disse.
A briga para se trazer o Eisa a Alagoas se arrasta desde outubro de 2009, quando técnicos do Ibama justificaram que o empreendimento não poderia ser instalado na região por oferecer riscos de aumento da pobreza, com a imigração de pessoas em busca de emprego.
O Governo de Alagoas acusou integrantes da bancada federal alagoana, sem citar nomes, de impedir que o Eisa fosse instalado no Estado. Pressionado, o Ibama recorreu da decisão, mas condicionou a liberação do empreendimento após autorizaçao do instituto, o que só aconteceu no dia 15 de junho – há 10 dias.
O Eisa era tratado como a redenção econômica alagoana- o terceiro estado mais pobre do Brasil, com metade da população abaixo da linha da miséria e 98% de suas exportações, no Porto de Maceió, do setor sucroalcooleiro. No último boletim do Cadastro Geral de Empregos (Caged), do Ministério do Trabalho- no mês de maio- Alagoas liderou a quantidade de demissões no Nordeste: -2.107 postos de trabalho.