Energia: Preço médio para eólica chegou a R$ 134,23 e se tornou competitivo com hidrelétricas de médio porte.
A Iberdrola, maior companhia de energias renováveis do mundo, fincou o pé definitivamente no mercado de geração eólica no Brasil – e de forma agressiva. A empresa espanhola foi uma das maiores vendedoras de energia do leilão de fontes alternativas realizado ontem pelo governo federal e ajudou a derrubar os preços dessa fonte de energia no país. Em número de megawatts negociados, a Iberdrola só perdeu para a Impsa, que, por meio de sua controlada Energimp ,foi a maior vendedora com estratégia traçada junto com o fornecimento de equipamentos da fabricante argentina.
O leilão negociou ao todo 714 megawatts de energia provenientes de eólicas, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas. Somente em eólicas, o montante vendido foi de 644 megawatts médios, de 50 diferentes parques e que juntos terão capacidade instalada de 1.850 MW. Os investimentos estimados pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) para erguer essas dezenas de parques é de R$ 4,5 bilhões.
Até o fechamento desta edição ainda não havia terminado o leilão de reserva, onde também as eólicas estavam disputando. De qualquer forma, os resultados do leilão de fontes alternativas apontaram para uma queda significativa dos preços se comparado à licitação que aconteceu em 2009. O preço médio ficou R$ 134,23 o MWh, uma queda de cerca de 10% em relação ao ano passado em um leilão que durou cerca de cinco horas e meia. Os preços fechados ontem começam a fazer a eólica se aproximar do custo de algumas usinas hidrelétricas e já estão mais em conta do que os custos de pequenas centrais hidrelétricas ou da energia da biomassa, que ficam cerca de R$ 10 por MWh mais caros.
De acordo com o diretor executivo da ABEEólica, Pedro Perreli, a disputa dos fornecedores permitiu que os preços caíssem ainda mais, mas foi também o tamanho dos competidores que definiu a agressividade na disputa. A Iberdrola Renovables tem hoje no mundo um parque de mais de 11 GW. Se a empresa fosse um país, ela seria hoje a quinta maior potência do mundo em energia eólica, segundo dados da ABBEéolica. Pelos números de 2009 ela ficaria atrás dos Estados Unidos, China, Alemanha, Espanha. Com esse tamanho, a empresa consegue baixar preços já que compra equipamentos em lotes.
A empresa vendeu ontem no leilão, em parceria com a Neoenergia (na qual também é sócia), cerca de 110 MW médios de energia, de nove parques eólicas e terá uma receita anual aproximada de R$ 130 milhões.
Os preços dos equipamentos junto com o potencial dos parques eólicos são fundamentais para definir o preço da energia. Neste aspecto, a Impsa também tem vantagem já que é fornecedora de equipamentos. A empresa já tinha sido uma das maiores negociadoras do leilão passado, em que a Iberdrola esteve ausente. Ontem, os argentinos sob a Energimp negociaram 120 MW de energia de nove diferentes parques, entre eles três sob o nome de Asa Branca. Foram oito os empreendimentos Asa Branca que venceram o leilão, mas pertencem a donos diferentes.
Mas os novatos também fizeram parte do leilão de ontem. A Galvão Energia, empresa ligada à de construção Galvão Engenharia, fez sua estreia ontem e vendeu quatro parques, se comprometendo a investir R$ 400 milhões nos próximos três anos. A Ersa, empresa de energias renováveis do Pátria Investimentos, também foi vencedora no leilão. A empresa também vendeu quatro parques eólicos, que somam 78 MW, e ainda uma PCH de 20 MW. Os investimentos da Ersa vão chegar a R$ 440 milhões. Ao todo, os empreendimentos vendidos ontem vão ter uma receita nos próximos 20 e 30 anos de R$ 17,5 bilhões.