Depois de décadas em crise, a indústria brasileira de construção naval está passando por um momento de recuperação proporcionada, em grande parte, pelos investimentos que estão sendo realizados no setor de óleo e gás no Brasil. Para que o setor não sofra um novo revés como acontecido anteriormente, a indústria naval precisa tomar medidas que tracem um futuro estável para o mercado. Foi com esse objetivo que a indústria, o governo e o mercado se articulam para criar um plano estratégico para o setor naval brasileiro.
Empresas como a Transpetro, Usiminas, DNV, Estaleiro Atlântico Sul, BNDES, Ministério do Desenvolvimento e entidades como Sinaval (Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore), Sobena e Syndarma estão entre os integrantes da Ricino (Rede de Inovação para a Competitividade da Indústria Naval e Offshore), que tem como objetivo integrar ações e direcionar recursos para pesquisa e desenvolvimento tecnológico dessa indústria. A Ricino foi criada durante a realização do 23° Congresso Nacional de Transporte Aquaviário, Construção Naval e Offshore, que foi realizado na sede da Firjan, no Rio de Janeiro.
As ações da Ricino serão divididas em núcleos coordenados por universidades. Os regionais ficarão em Pernambuco e Rio Grande do Sul, onde estão os pólos navais de Suape e Rio Grande. “De início, pretendemos captar R$ 80 milhões para financiar centros de tecnologia e formação, demandas da indústria”, diz Sergio Garcia, coordenador do comitê gestor provisório. A carteira já apresentada propõe a criação do Centro de Tecnologia da Construção Naval e Offshore e do Centro Avançado de Formação de Técnicos em Construção Naval, no Rio; e do Parque Científico-Tecnológico do Mar (Oceantec) e centros avançados em TI e Automação e Formação em Tecnologias de Solda, em Rio Grande (RS).
“Acreditamos que com a demanda do pré-sal, nós vamos fechar o ano com mais de 100 mil trabalhadores no setor”
De acordo com o Sinaval, a indústria naval brasileira vai fechar 2010 com mais de 80 mil postos de trabalho e carteira em torno de R$ 8 bilhões. Atualmente, o setor está construindo 222 embarcações. De acordo com o presidente do Sindicato, Ariovaldo Rocha, o balanço do setor para este ano é positivo. E para 2011, a expectativa é melhor ainda já contando com as novas sondas que vão começar o trabalho no início de 2011. “Acreditamos que, com essa nova demanda (pré-sal), nós vamos necessitar de mais de 20 mil trabalhadores, fechando o ano com mais de 100 mil trabalhadores dentro da indústria naval”, comemorou.
Realizado a cada dois anos, o Congresso Nacional de Transporte Aquaviário, Construção Naval e Offshore é o mais tradicional e importante foro para apresentação e discussão de pesquisas em andamento e desenvolvimentos técnicos em projeto, construção e operação de navios e estruturas marítimas, assim como em engenharia oceânica para a produção de óleo e gás. Em sua 23ª edição, com o tema “Indústria Naval: Os desafios da Competitividade e Sustentabilidade”, o Congresso abordou de forma completa o amplo programa preparado para o desenvolvimento da construção naval e de exploração e produção offshore.