A indústria naval de Pernambuco receberá uma injeção de R$ 3,9 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O dinheiro sairá do Fundo da Marinha Mercante (FMM) e financiará a produção de navios no Estado. Na ponta do comprador, serão R$ 2,6 bilhões para a Transpetro, braço de transportes da Petrobras, adquirir sete embarcações feitas em Pernambuco. No lado do produtor, o banco aprovou R$ 1,3 bilhão para o Estaleiro Atlântico Sul (EAS) construir os navios.
O pacote financiado pelo banco vai gerar 4 mil empregos e é a primeira liberação de dinheiro na segunda etapa do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef II), tocado pela Transpetro e que prevê 26 navios-tanque. O Promef I licitou 23 dessas embarcações.
O novo financiamento aprovado à subsidiária da Petrobras corresponde a 90% do desembolso da companhia e será efetivamente liberado a partir da conclusão e entrega dos navios, informa o banco.
Os recursos para o Estado bancados com o novo dinheiro do FMM englobam sete navios-tanque, sendo quatro do tipo Suezmax (referência ao porte máximo para navegar no Canal de Suez) e três do tipo Aframax (com dimensões que permitem operação em portos comerciais).
“A aprovação do financiamento ao Estaleiro Atlântico Sul e Transpetro pelo BNDES consolida o impulso dado ao ressurgimento da indústria naval brasileira. Para o EAS, essa aprovação garante a continuidade de sua produção com mais sete navios, desta vez com mais tecnologia embarcada, já que foram encomendados com sistema de posicionamento dinâmico”, afirma, em nota distribuída pela empresa, o presidente do EAS, Angelo Bellelis.
A tecnologia mencionada pelo presidente do estaleiro é capaz de manter a posição de um navio em condições adversas para a execução de diferentes tarefas, como construção ou perfuração de poços de petróleo. Há duas variantes.
O sistema de posicionamento dinâmico absoluto faz isso com relação a um ponto fixo na superfície do oceano, o relativo, diante de um ponto móvel, como outro navio.
A tarefa não é nada simples. Em linhas gerais, o controle automático calcula a posição e o aproamento (a direção para a qual o navio aponta) por meio de um sistema que, além de lidar com toda a matemática envolvida, ainda executa as “manobras” necessárias.
Mas o uso dos navios fabricados pelo EAS no pacote com dinheiro liberado pelo BNDES será para transporte de óleo cru e derivados de petróleo. O suezmax tem porte bruto de 153 mil toneladas. O aframax terá porte bruto de 107 mil toneladas.
No total, a carteira de encomendas feitas ao estaleiro totalizam 14 navios-tanque suemax e oito do tipo aframax, todos eles contratados no Promef da Transpetro. Esses pedidos garantem ao EAS uma ocupação até 2015.
No dia 4 do mês passado, o primeiro dos 49 navios encomendados no âmbito do Promef – e o primeiro da linha de produção do Estaleiro Atlântico Sul – foi lançado ao mar, batizado de João Cândido.
A festa foi grande, sempre com muitas alusões ao Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no qual o Promef está inserido.
Com 274 metros de comprimento, o navio mede o equivalente a duas vezes e meia a distância de uma trave à outra do campo do Maracaní.
O BNDES, no total, soma atualmente uma carteira de projetos da indústria naval que chega a R$ 11,4 bilhões em financiamentos, todos recursos do FMM. Segundo o banco, desse montante, faltam ser liberados R$ 9,2 bilhões.