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Clippings - 01/10/09

Indústria terá de investir US$ 400 bi

O desenvolvimento da indústria nacional para atender à demanda do pré-sal vai necessitar de investimentos de pelo menos US$ 400 bilhões. A conta foi feita pelo presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, considerando que cada dólar investido no desenvolvimento das reservas equivale a US$ 4 em aportes na capacidade de fornecimento de bens e serviços. Para o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), tamanha necessidade de financiamento pode paralisar outros setores da indústria nacional.

Gabrielli lembrou que a Petrobrás planeja investir US$ 111,4 bilhões no pré-sal até 2020. Para atingir o objetivo de maximizar as compras de bens e serviços no Brasil, a indústria terá de fazer um enorme esforço de ampliação de capacidade.
A empresa já vem adotando medidas no sentido de viabilizar esse processo, com a encomenda de grandes pacotes de equipamentos que garantam investimentos em parques fabris. Um exemplo é a contratação de grandes pacotes de equipamentos submarinos e o pacote de 28 sondas de perfuração que serão licitados com compromisso de construção em estaleiros nacionais. O Brasil ainda não é fabricante de sondas de perfuração de águas ultraprofundas, como as necessárias para a exploração do pré-sal.
A direção da companhia vem repetindo sistematicamente que as empresas que quiserem fornecer para o pré-sal terão de se instalar no País. Segundo Gabrielli, a indústria mundial não tem capacidade hoje para atender à demanda do pré-sal e qualquer ampliação de capacidade deverá ser feita no Brasil.

Esse é, segundo o governo, o objetivo principal das propostas de mudanças no marco regulatório do setor. Segundo esse raciocínio, a nova estatal ditaria um ritmo de exploração adequado à chegada de novas empresas e, como operadora única, a Petrobrás garante as encomendas para quem vier.

Durante sua participação no Debate Estadão O Futuro do Pré-Sal, porém, Jereissati alertou para o risco de foco excessivo do governo na cadeia produtiva do petróleo, em detrimento de outros setores industriais. Essa política deixa outros setores desamparados. Há o risco de uma concentração de recursos para o petróleo, afirmou, em referência à demanda que surgirá para financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Gabrielli, no entanto, afirmou que o BNDES não será o único financiador no processo de expansão da capacidade, que deve contar com recursos estrangeiros e das próprias matrizes das empresas que venham a aportar no País. Segundo ele, a Petrobrás já vem tendo contatos com diversos fornecedores interessados em aproveitar as oportunidades do pré-sal.

A visão de cada um – Paulo Hartung, governador do Espírito Santo pelo PMDB: a proposta de marco regulatório para o pré-sal representa a volta da centralização de recursos no governo federal, criticou o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB). A proposta não é de distribuição de recursos do pré-sal ao Estados e municípios, mas uma baita centralização e não se sabe para onde vai esse dinheiro. Hartung ressaltou que o investimento público representa apenas 2% ou 3% do investimento total no País, e maioria é feita pelos Estados e municípios.
Fernando Gabeira, deputado federal pelo PV do Rio de Janeiro: o poder da Petrobrás em conter avanços na legislação ambiental para garantir a produção de petróleo foi criticado pelo deputado Fernando Gabeira (PV-RJ). Ele disse que será preciso que a sociedade faça pressão sobre a estatal. Se nós temos uma única operadora que tem influência enorme no Brasil, como vamos evitar que a exploração do pré-sal cause novos desastres ecológicos?. Ressaltou que, se produzirem de forma inadequada, o petróleo brasileiro será estigmatizado e perderá valor.
Wagner Freire, consultor e ex-diretor da Petrobrás: defensor da manutenção do atual modelo de concessão, o consultor Wagner Freire afirmou que a criação de um modelo no qual a Petrobrás será operadora única pode limitar o avanço tecnológico da estatal. A presença de diferentes operadoras é fundamental para o desenvolvimento da tecnologia, disse. Muita coisa do que foi introduzido na exploração do petróleo no Brasil veio do exterior e, por isso, é importante a interação com outras companhias. Ele também criticou a criação da Petro-Sal.