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Clippings - 22/04/25

Instituto de Pernambuco integra consórcio europeu para tratar resíduos de navios com biotecnologia

Projeto ‘BilgeUP’ busca transformar água de porão e lodo naval em produtos biodegradáveis voltados à redução da poluição marinha

O Instituto Avançado de Tecnologia e Inovação (IATI), sediado no Recife (PE), foi selecionado para integrar um consórcio internacional aprovado na 2ª Chamada Transnacional da Parceria de Economia Azul Sustentável (SBEP), uma iniciativa financiada pela União Europeia no âmbito do programa Horizon Europe. A proposta faz parte de um grupo de apenas 24 consórcios aprovados entre 110 inscritos de diversos países. O projeto será executado ao longo de 36 meses, com início previsto para maio.

No Brasil, o financiamento é da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe). O IATI representa o país no projeto BilgeUP, que envolve centros de pesquisa da Itália, Espanha, Turquia e Chipre, e tem como foco o reaproveitamento de resíduos gerados em operações navais — especialmente a água de porão e o lodo resultante de seu tratamento — para a produção de biossurfactantes e biopolímeros.

A água de porão, frequentemente descartada sem tratamento adequado, será utilizada no cultivo de microrganismos marinhos capazes de produzir biossurfactantes biodegradáveis. Esses agentes tensoativos serão aplicados na remoção de resíduos oleosos e em testes de limpeza de derramamentos de óleo. Já o lodo naval será transformado em matéria-prima para a produção de biopolímeros do tipo PHA, com potencial uso na fabricação de equipamentos de pesca biodegradáveis, voltados a mitigar os impactos da pesca fantasma.

A coordenação do projeto no Brasil é da pesquisadora Leonie Asfora Sarubbo, diretora do IATI. Segundo a especialista, a atuação do instituto se concentrará no desenvolvimento dos biossurfactantes e na aplicação dos compostos obtidos por todos os parceiros do consórcio em diferentes cenários de contaminação por petróleo. Os ensaios envolverão a remoção de resíduos em superfícies e compartimentos fechados, como tanques e porões de navios.

“A estrutura do consórcio é baseada na especialização técnica de cada parceiro. Cada instituição é responsável por uma etapa do processo, e os resultados serão integrados ao final. Também estão previstas reuniões presenciais ao longo do projeto para garantir a coordenação das atividades”, afirmou Leonie.

Um dos principais desafios técnicos está na variabilidade dos resíduos, cuja composição depende das rotas oceânicas percorridas por cada embarcação. Para lidar com isso, os pesquisadores vão coletar amostras de diferentes origens e testar abordagens que possam ser adaptadas a distintas realidades portuárias. A estratégia é realizar os experimentos em pequena escala, de forma a reduzir barreiras logísticas e facilitar a avaliação técnica e econômica das soluções.

A proposta do BilgeUP tem aplicação direta em terminais e portos de todo o mundo, onde a geração e o descarte de água de lastro e lodo são questões operacionais relevantes. No caso brasileiro, a implementação das tecnologias desenvolvidas dependerá da disponibilidade de recursos para sua adaptação e integração aos processos de limpeza já existentes.

Fonte: Revista Portos e Navios