Petrobras está interessada em explorar jazidas não-convencionais de hidrocarbonetos na Argentina, num momento em que o país busca reverter o declínio na sua produção de gás e petróleo, informou o governo argentino nesta quarta-feira.
Diante do esgotamento das jazidas convencionais, a Argentina está apostando na exploração de hidrocarbonetos retidos em faixas de areia ou argila. Segundo o Departamento de energia dos EUA, a Argentina tem o terceiro maior depósito de gás natural não-convencional do planeta.
Há muito interesse (da Petrobras) em trabalhar e avançar nas jazidas de gás de xisto e do ’tight gas’ (gás espremido em pontos de difícil acesso) no sul, e de aprofundar a produção nas províncias petrolíferas e nas jazidas do sul (da Argentina), disse o ministro do Planejamento, Julio de Vido, depois de se reunir com o ministro brasileiro das Minas e Energia, Edison Lobão.
De Vido disse também que a Argentina iniciou uma nova etapa no seu relacionamento com a Petrobras desde a posse da nova presidente da companhia, Graça Foster, no mês passado.
Os investimentos na prospecção de hidrocarbonetos não convencionais na Argentina têm sido modestos, mas se prevê um aumento significativo nos próximos anos.
A presidente Cristina Kirchner atribui a redução na produção argentina de gás e petróleo à empresa YPF, a maior do setor no país, controlada pela espanhola Repsol. Várias províncias exigiram que a empresa eleve seus investimentos, sob a ameaça de cassar suas licenças de exploração e entregá-las a outras companhias.
De Vido disse que nas próximas semanas viajará ao Brasil apara reforçar a integração energética bilateral, e que provavelmente irá acompanhado de governadores de províncias petrolíferas argentinas.
Hoje iniciamos, segundo disse o ministro Lobão à presidente (Cristina), uma nova etapa na relação com a Petrobras, disse De Vido.
Em visita ao Brasil no mês passado, o ministro havia solicitado um aumento dos investimentos da Petrobras na Argentina.
A filial local da empresa investiu em 2011 uma quantia de 344 milhões de dólares na prospecção e produção de petróleo e gás na Argentina, alta de 54 por cento em relação ao ano anterior.
No ano passado, a Petrobras foi responsável pela extração de 6,7 por cento do petróleo e 9 por cento do gás produzidos pela Argentina.
Segundo especialista e executivos do setor, a produção de gás e petróleo da argentina caiu nos últimos anos porque políticas de controles de preços desestimularam os investimentos no setor.