O governo federal realiza amanhí dois leilões para compra de energia alternativa, com estimativa de injetar no mercado entre 2 mil e 3 mil MW apenas de fonte eólica. Isso geraria investimentos adicionais de até R$ 12 bilhões em novos parques.
A tendência é manter o ritmo de expansão do potencial instalado que, até 2012, crescerá cinco vezes em relação a 2009, a contar pelos projetos já contratados nos leilões anteriores, estima Ricardo Simões, presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeólica).
Simões vê o cenário político e econômico bastante favoráveis ao setor: Em tempos de mudanças climáticas, o mercado busca segurança no suprimento de energia com fontes mais limpas e maior independência em relação aos preços do petróleo e gás. Em sua opinião, diante da atual estagnação da economia europeia, empresas eólicas globais têm o Brasil como importante nicho, tanto pelo potencial dos ventos como pela política de incentivos. Leilões sucessivos e exclusivos para eólica nos próximos dez anos, na análise de Simões, são essenciais para criar escala, reduzir custos e desenvolver o mercado, abrindo uma janela de oportunidades.
O Brasil tem hoje um potencial eólico de 300 mil MW, mas os ventos representam apenas 2,5% da matriz energética nacional. Há no país 700 MW efetivamente instalados, com previsão de dobrar até 2012, atraindo fabricantes estrangeiros de turbinas e outros equipamentos. É o caso da General Electric, que se instalou em São Paulo, e da Alstom, na Bahia, motivadas pelo leilão de 2009. Estão na fila a dinamarquesa Vestas, a espanhola Axiona e a indiana Suzlon.
O avanço tecnológico tornou a fonte eólica mais competitiva e economicamente viável. Em 1985, as pás giradoras tinham diâmetro de apenas 15 metros. Hoje, atingem 160 metros, o que eleva o rendimento do vento com reflexo nos custos e no preço da energia. De R$ 270 o MWh ofertados nas primeiras iniciativas de compra pelo Proinfa, o valor caiu para R$ 148 no último leilão do governo. E com o advento de torres mais altas, em torno de 100 metros de altura, o potencial brasileiro dobrou, explica Altino Ventura Filho, do Ministério das Minas e Energia. Trata-se de uma fonte importante para complementar a geração hidrelétrica, principalmente no perãodo de estiagem, quando os reservatórios estão mais baixos e os ventos mais favoráveis, acrescenta Ventura.