Avaliação é que Brasil está entre maiores mercados de descomissionamento mundial e com oportunidades de subir no ranking, no qual está atrás dos EUA e da região do Mar do Norte
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Um relatório da Associação Internacional de Produtores de Petróleo e Gás (IOGP, em inglês) mapeou, entre seus membros, aproximadamente 35 FPSOs, com idade para chegar ao final do ciclo de produção em menos de 10 anos. O levantamento inclui empresas como Petrobras, BP, Chevron, Shell, Petronas, TotalEnergies, Repsol, ExxonMobil e SBM Offshore. Desse total, 15 estão instaladas na América Central e América do Sul. Considerando outras companhias que não estão nesse grupo, esse número pode dobrar. A avaliação é que o Brasil está entre os maiores mercados de descomissionamento mundial e com grande potencial de subir no ranking, no qual está atrás dos Estados Unidos e da região do Mar do Norte.
A SBM Offshore avalia que essa ‘próxima onda’ de descomissionamento, nos próximos 9 a 10 anos, é um tempo curto quando se fala nesse tipo de atividade, na qual os projetos precisam ser analisados com bastante antecedência e bem planejados. O responsável pela divisão global de descomissionamento da SBM, Marcelo Dourado, citou que a FPSO Capixaba levou nove meses para obter as aprovações na esfera da Convenção Internacional da Basileia, que envolveu oito países dentro da ZEE no trajeto do Brasil para a Dinamarca. A unidade, com 55 mil toneladas, foi desmantelada no estaleiro M.A.R.S., no norte do país nórdico.
Dourado comparou que as unidades mais novas em operação possuem uma quantidade muito maior de aço. Ele lembrou que a FPSO Almirante Tamandaré, que chegou recentemente para operação no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, tem 45 mil toneladas apenas em topsizes, o que representará, ao final do ciclo de vida, um grande volume de m sucata de metais e de circularidade de equipamentos, como sistemas de injeção de gás e de água, entre outros itens.
“Toda cadeia de reúso e circularidade tenderá a ser mais complexa e, por outro lado, com bem mais oportunidades”, disse Dourado, durante workshop promovido, em outubro, pelo Cenpes/Petrobras, em conjunto com o Centro de Estudos para Sistemas Sustentáveis da Universidade Federal Fluminense (CESS/UFF).
No mundo, a SBM tem oito unidades no radar do descomissionamento nos próximos 10 anos: uma no Golfo do México e três na Angola, de operadores diferentes. No Brasil, têm potencial de descomissionamento até 2033 a FPSO Espírito Santo, operada para Shell, além da Cidade de Ilhabela, Anchieta e Paraty, operadas para Petrobras.
A FPSO Capixaba, que produziu mais de 220 milhões de barris para a Petrobras, se encontra em processo de mapeamento e limpeza de materiais perigosos. Dourado contou que foi a primeira FPSO exportada no Brasil de acordo com a convenção internacional da Basileia, que regulamenta a movimentação de materiais perigosos. “A aprovação envolveu Ibama e o órgão competente dinamarquês e o consenso de oito países”, destacou.
Fonte: Revista Portos e Navios