A Libra Terminais S.A. negocia com as autoridades do setor portuário a unificação de suas áreas para construção de um megaterminal especializado na movimentação de contêineres no Porto de Santos ¬ o projeto Libra-Santos. Essa nova configuração permitirá à empresa duplicar sua capacidade operacional, podendo escoar 2,1 milhões de TEUs (unidade equivalente a um contêiner de 20 pés) por ano. O desafio da Libra, no momento, é convencer os intervenientes do processo de concessão de que o empreendimento é bom para o Porto e para o País.
Uma vez concluídas as negociações para a junção de seus terminais, a firma estima concluir as obras em até 18 meses.
O primeiro passo foi dado no último dia 30 de julho, com a compra do Terminal 33, anteriormente administrado pelo Terminal de Exportação de Açúcar do Guarujá (Teag). Uma área de 33mil metrosquadrados, 220 metros de cais e dois armazéns dedicados a carga geral com 9 mil metros quadradoscadapassaram aser controlados pela Libra, que pagou R$ 65,37 milhões na negociação. O valor não é confirmado pela empresa, mas consta no ato de concentração aprovado peloMinistério da Fazenda, documento de domínio público.
A negociação envolveu a compra não só da superestrutura, mas também dos direitos do contrato de arrendamento assinado em 2000, com vigência de 20 anos. O documento permite a movimentação de carga geral ¬ seu objetivo inicial, uma vez que a especialização em açúcar ensacado ocorreu ao longo dos anos, por influência de uma demanda de mercado atendida pelo Teag. A Libra planeja operar também cargas de projeto ¬ como grandes motores, transformadores e materiais para a atividade offshore.
A área do Terminal 33 fica ao lado dos terminais 35 e 37, controladospela empresa. No total, são 105 mil metros quadrados deárea já à disposição da operadora portuária. Dopontodevista prático, a empresa possui atualmente três terminais na mesmaregião, mas segregados.
Hoje operamos com seis gates (portões de entrada). A carga sai de um terminal e entra em outro, sai de outro e entra em um. Esses procedimentos operacionais, necessários devido à separação física, desaparecem (com a unificação) e nós passamos a ter um terreno mais adequado, detalhou o presidente da Libra Terminais, Gustavo Pecly.
O executivo afirmou que os momentos de crise não costumam ser impeditivos aos investimentos em infraestrutura, porque este é um setor que exige melhoria contínua.Estaaçãode comprar o T-33 e estruturar um terminal com maior capacidade visa ao futuro. Do jeito que está, na crise em que estamos, de repente ficaria normal permanecermos no tamanho atual.
O presidente da Libra acredita que a turbulência financeira não terá vida longa. A crise vai passar, seja em 2009, 2010 ou 2011. Vem o crescimento na sequência e nós não podemos ficar parados esperando a carga chegar para investir.
CAIS LINEAR
O desejo de unificação dos terminais é antigo, mas pela primeira vez a empresa vai a público defender a construção de um cais linear ligando suas áreas. Se aprovada a junção ¬ que consiste, basicamente, no aterramento de todo o trecho do Canal do Estuário que separa os terminais 35 e 37, na Ponta da Praia ¬, a área controlada pela Libra pularia para cerca de 140 mil metros quadrados, com um cais de 1.700 metros. A via interna, construída em paralelepípedo e atualmente utilizada para o acesso de carretas ao pátio de contêineres, se incorporaria ao projeto. Já a malha ferroviária que corta a mesma via seria deslocada para fora do terminal e passaria a acompanhar a Avenida Mário Covas Júnior (Portuária).
A concretização do plano depende do aval da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq). Também precisam consentir a Polícia Federal, que mantém no local a Delegacia de Polícia Marítima de Santos (Depom), e a empresa Fabiana Transportes, que oferece serviços de travessia do Estuário de Santos e está instalada na área.
Na defesa do projeto, Pecly diz esperar que autorizem o mais rápido possível. É a chance que temos de, numa reversão do mercado, apresentarmos um porto menos congestionado e menos traumatizado que vimos em 2008.
PF quer sede no Valongo
A Delegacia de Polícia Marítima (Depom) da Polícia Federal (PF) em Santos pretende deixar a área entre osterminais 35 e 37 do complexo portuário, afirmou o delegado Luís Carlos de Oliveira. Para isso, porém, pede a cessão de uma nova área na Margem Direita do Porto.
Para A Tribuna, Oliveira declarou que, se pudesse escolher, ocuparia um dos antigos armazéns do Valongo, que serão revitalizados pela Prefeitura de Santos e pela Codesp.
O prefeito João Paulo Tavares Papa disse que analisará a questão da Polícia Federal, caso seja procurado, mas avisou que atualmente todos os armazéns têm sua ocupação definida.