
Apesar da queda de 17,6% na cabotagem, serviço de integração atingiu receita recorde de R$ 221 milhões e trade Mercosul registrou recuperação no período
A receita operacional líquida (ROL) da Log-In totalizou R$ 683,8 milhões no primeiro trimestre, um crescimento de 10,4% em relação ao mesmo período de 2024. O resultado foi puxado principalmente pela navegação costeira, que somou R$ 462 milhões (+20,6%), impulsionada pelos serviços feeder, que atingiram receita recorde de R$ 221,1 milhões, e pela retomada econômica da Argentina, que beneficiou as operações no trade Mercosul. O Ebitda ajustado do grupo totalizou R$ 153,1 milhões, crescimento de 6,8%. Já o lucro líquido da companhia foi de R$ 26,5 milhões, alta de 219,3% em comparação ao 1T24.
O volume total transportado na navegação costeira pela companhia somou 194,1 mil TEUs, alta de 24,6% sobre os três primeiros meses de 2024. O feeder liderou esse crescimento, com 140,9 mil TEUs, avanço de 48,8%, favorecido pelo serviço Shuttle Navegantes (SSN), criado em resposta a uma demanda pontual do mercado e integrado ao portfólio no segundo trimestre do ano passado.
No trade Mercosul, a receita cresceu 37% e o volume avançou 17%, beneficiados pela valorização do dólar e pela recuperação econômica argentina. Em contrapartida, na cabotagem, houve redução de 17,6% no volume transportado, em razão de um cenário considerado mais competitivo pela companhia.
O diretor-presidente da Log-In, Marcio Arany, avalia que o resultado trimestral foi positivo para o grupo. Ele projeta que, até o final do ano, algumas apostas vão se consolidar, como a ampliação do serviço expresso Amazonas e a ampliação da frota da Tecmar, braço de transporte rodoviário integrado da companhia. Ele também destacou a anexação de uma área com 70 mil m² ao Terminal de Vila Velha (TVV), no Espírito Santo, que receberá investimentos para melhorar o nível de serviço e fomentar a diversificação de cargas. “Foram sementes que começaremos a sentir resultado delas ao longo de 2025”, disse Arany, nesta quinta-feira (15), em teleconferência sobre os resultados do trimestre.
O executivo observa que o setor vive um período onde a concorrência está maior, mas acredita que, historicamente, a cabotagem sempre se acomoda ao excesso de capacidade momentâneo. “Continuamos fortes e dedicados à conversão de carga do rodoviário para a cabotagem. Esperamos passar por esse período um pouco mais tenso e semear um crescimento vigoroso no futuro”, afirmou Arany.
O vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Log-In, Pascoal Gomes, acrescentou que a expansão dos serviços e a modernização da frota têm permitido a captura de oportunidades e a oferta de soluções cada vez mais completas e sustentáveis aos clientes. A Log-In possui uma frota de nove porta-contêineres, com capacidade total de 24.366 TEUs e que oferecem serviços de navegação com rotas regulares integrando portos do Brasil à Argentina, Paraguai e Uruguai. Além do TVV, a companhia administra um terminal intermodal em Itajaí (SC) com operações dedicadas.
O vice-presidente de navegação da Log-In, Marcus Voloch, ressaltou que a demanda do feeder é muito alinhada com as estratégias dos grandes armadores mundiais. Ele enxerga como tendência que a próxima geração de navios de longo curso venha ao Brasil com capacidade da ordem de 16 mil TEUs, o que fará com que os conteineiros transnacionais se concentrem em poucos portos, cabendo aos armadores de cabotagem desenvolverem soluções para a carga desses grandes navios internacionais. Hoje, os maiores navios que vêm ao Brasil têm em torno de 12 mil TEUs a 13 mil TEUs e operam com certa dificuldade devido aos gargalos de infraestrutura.
“Minha perspectiva é que o feeder continue aumentando e entramos mais forte nesse filão há dois anos com bastante sucesso”, avaliou. Para Voloch, desenvolver serviços dedicados ao feeder funciona [no modelo] ‘on demand‘. Foi o caso de Vitória, onde a Log-In tem dois navios dedicados ao feeder, e de Navegantes (SC), que precisou de um navio dedicado por um período. “Se houver demanda específica de alguns armadores com volume suficiente que justifique trazer navio, construir navio ou afretar navio em bandeira brasileira para operar esses volumes, a Log-In está disposta a fazer isso”, afirmou durante a teleconferência.
Fonte: Revista Portos e Navios