Horas após se desfazer da divisão logística da Keystone, frigorífico planeja vender ativo em SC para ampliar capital de giro Um dia após anunciar que estava vendendo a divisão de logística da americana Keystone Foods, adquirida há cerca de um ano, para a Martin-Brower por US$ 400 milhões, o frigorífico Marfrig está prestes a registrar nova baixa em seu portfólio.
Em teleconferência realizada na manhí de ontem, o Marfrig confirmou seu interesse em vender o terminal portuário da Seara, em Itajaí, no estado de Santa Catarina. Há quem fale que se trata de uma estratégia para reduzir o endividamento, há quem diga que objetivo é eliminar a gordura inútil e trazer mais agilidade e eficiência à operação grande e engessada.
O Marfrig recebeu propostas por este novo ativo e parece ter gostado do que ouviu. Há um terminal privativo que temos bo estado de Santa Catarina e que não vem sendo utilizando pela Seara, afirmou Ricardo Florence, diretor de relações com investidores da empresa.
Ele admitiu claramente que o frigorífico tem interesse em vendê-lo. O terminal foi adquirido pelo Marfrig após a aquisição da Seara, ocorrida em 2009. Na época, a compra custou R$ 1,5 bilhão. Desfazer-se deste ativo que se encontra praticamente paralisado parece ser, pelo menos no momento, um negócio e tanto para o frigorífico brasileiro. Vamos ter um ganho reduzindo o capital de giro, diz Marcos Molina, presidente da companhia. Sem gordura Os ativos da Keystone Foods vendidos eram operações que atuavam como uma transportadora separada, não envolvida com os negócios centrais da empresa. Estrategicamente não faz nenhum sentido estarmos nessa ponta, diz Molina.
Na Europa, quase toda a distribuição era com produtos de terceiros. No segundo trimestre, o índice de alavancagem do Marfrig alcançou 3,9 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês).
No mesmo perãodo do ano anterior, esse indicador era de 3,6 vezes o Ebitda. A empresa admitiu ainda que, para reduzir ainda mais o endividamento, poderá fechar unidades com baixa utilização. Opinião do mercado Na avaliação de Eduardo Dias, analista de investimentos da Omar Camargo, corretora de câmbio e valores mobiliários, a venda faz sentido. Não adianta ficar com ativos de pouca utilização.
Ás vezes sai mais barato vender o ativo e terceirizar a ficar com ele, analista. Para ele, uma reestruturação adquiridos nos últimos anos, coisas que hoje em dia já não fazem mais sentido, avalia Dias. Já na opinião de Maurício Palma Nogueira, diretor da consultoria Bigma que tem como foco o setor agropecuário, as duas últimas decisões de venda da Marfrig soam como uma melhora na gestão interna. Ele lembra que os problemas enfrentados nos últimos tempos pelo Marfrig refletem o cenário atual brasileiro no campo da produção e venda de carne bovina. As empresas cresceram muito nos últimos anos, e com esta ascensão, vieram os problemas de administração. Além da ineficiência na estrutura operacional, ele aponta ainda as dificuldades enfrentadas na exportação.
Não bastasse a valorização do real que prejudicou os exportadores nos últimos tempos, Nogueira lembra outros obstáculos como as barreiras protecionistas levantadas pela Rússia, por exemplo. Nos últimos 40 anos, produtores frigoríficos brasileiros perderam margem.