Os números não mentem: o setor de supply-boats está de vento em popa. A demanda é tanta que as empresas nacionais, embora disponham de reserva de mercado, não conseguem suprir as necessidades e, com isso, os estrangeiros não só estão presentes como até são maioria. Em outubro de 2011 havia 160 barcos nacionais e 254 estrangeiros. Para 2020, a previsão é de 300 nacionais e ainda 386 estrangeiros. Pelas normas em vigor, o barco nacional afastaria os estrangeiros, mas os armadores não conseguem encomendar em nível que supra totalmente as necessidades do país. Se um barco estrangeiro tem contrato de quatro anos com a Petrobras, por exemplo, a cada ano deve ser feita circularização – notificação ao mercado – e, caso haja unidade nacional ociosa, ocupará o lugar da estrangeira. No momento, isso não ocorre – nem tão cedo irá acontecer.
Um dado importante é que, ao contrário do que ocorre na aviação, na navegação basta uma empresa estrangeira ter CNPJ que será equiparada a uma companhia totalmente nacional. Isso democratiza o setor, pois dá apoio a quem vem de fora e se instala no país. Já os puramente estrangeiros – que hoje são maioria – sabem que não têm preferência, mas aproveitam a fase de demanda superior à oferta para colocar centenas de seus barcos no país e faturar bons dólares. No momento, estão em construção 35 barcos de apoio, o que elevará a frota nacional, mas não ainda a nível de afastar estrangeiros.
– A presidente Dilma quer atingir a meta de 6 milhões de barris diários de petróleo em 2020 e, para isso, haja plataformas, navios e barcos de apoio. Temos de trabalhar – diz o presidente da Associação Brasileira das Empresas de Apoio Marítimo (Abeam), Ronaldo Lima.
Uma questão, no entanto, preocupa a Abeam. Segundo Lima, há escassez de profissionais para atuar na área de apoio marítimo – em atendimento a plataformas.
– Não queremos criar polêmica com o Sindicato dos Oficiais de Marinha, mas não podemos nos calar ante a real falta de pessoal – diz Lima. Segundo ele, as empresas procuram marítimos já aposentados, buscam estender a jornada de alguns e tudo isso gera um custo extra para os armadores.
Como se sabe, o setor de barcos de apoio tem crescido a níveis elevados nos últimos anos e deve se expandir ainda mais com a exploração do pré-sal. Uma das medidas preconizadas por Lima é o fim da obrigação de que barcos estrangeiros usem marítimos brasileiros, o que dificulta a contratação de pessoal pelas empresas brasileiras. Esclarece que, diante dessa escassez de pessoal, já há algum relaxamento nessa norma – mas a Abeam desejaria que fosse formalmente suspenso o uso de marítimos brasileiros em unidades estrangeiras até que a situação fosse resolvida. Embora o termo barco de apoio dê a impressão de tratar-se de embarcação simples, essas unidades estão cada vez mais sofisticadas. Seu preço médio é de US$ 60 milhões e há barcos mais sofisticados que chegam a custar US$ 200 milhões – valor superior ao de grandes embarcações comerciais.